por Cecília de Paiva
Autora de livros sobre mística e espiritualidade, a professora de teologia Lúcia Pedrosa Pádua fez partilha de seus conhecimentos pelo tema “Comunhão eclesial”, em conferência proferida neste sábado (9), no 4º Congresso Missionário Nacional (4º CMN), realizado de 7 a 10 de setembro, em Recife.
Com abordagens sobre o amor de Deus e das relações que nos humanizam, a teóloga discorreu sobre a perspectiva missionária de como construir comunhão. “O ser humano é ‘criado à imagem da comunhão divina’, assim, não podemos realizar-nos nem salvar-nos sozinhos”, disse após fazer uma apresentação pessoal das suas relações, por ser “algo que nos humaniza”, explicou.
Ao ressaltar que cada pessoa tem o direito de estar com o outro, mencionou seus familiares e ainda como é o trabalho que faz na PUC-RJ, da sua atuação pastoral e também sobre o estar diante de todos, ao compor mesa com o cardeal Sergio da Rocha, primeiro palestrante do dia.
Para ela, comunhão é dom e que nela há uma gratuidade inserida que se interliga à vocação, aos ministérios, sendo que Deus habita nos dons. Dessa maneira, é por meio dos encontros que se amadurece o fazer comunhão, tornando o amor de Deus visível entre todos: “Vejam como eles se amam. Esse é o testemunho”, citou.
Aconselhou ser preciso construir a comunhão como sujeito, em contrapartida à tristeza individualista que nos assola. Há uma lógica concentrada na individualidade que parece muito forte, exigindo a ação contrária da fortaleza e da lógica do Evangelho, sendo as experiências da alegria como as mais genuínas, motivadoras de uma vida nova.
“Neste mundo, parece que a lógica é: quanto mais concentrados, mais fortes. No entanto, a lógica evangélica é diferente. No isolamento e no centramento, a vida enfraquece. Na doação-relação, a vida se fortalece. Portanto, é preciso que se pense na comunhão como algo que fortalece a vida e que traz alegria, uma das experiências mais genuínas da relação com Deus”, afirmou dizendo ainda que somos discípulos que recebemos essa tarefa de construir a alegria, na acolhida ao diferente em todos os lugares.
Como discernimento, citou a Evangelium Gaudim, em que o papa pede para construirmos essa união, reforçar as sinergias da comunhão comunitária, atuando nas diferenças, cuidando de um tempo como um processo em curso, sem desistir ou falar que não há jeito quando se depara com alguma questão difícil, pois “a comunhão está na diversidade como riqueza”.
Nisso, inseriu os grandes desafios da sociedade civil que ainda permanecem em negociação e nunca saem da mesa. Há um individualismo a ser superado, de modo que a “pessoa ama tanto a sua comunidade que não sai dela. Não tem comunhão. Isso é um problema em nosso mundo”, retomou lembrando o convite do documento a olhar Jesus, o qual é sujeito da sua vida, assim como o foi Maria em sua comunidade, sendo sujeitos de suas vidas, do ministério. Livres por um amor incondicional.
Insere-se nesse sentido, o valor da comunhão que só pode ser construída se tiver a tríade “liberdade, autonomia e relacionalidade”, sendo a liberdade a mais importante, relacionada à autonomia, “à capacidade de tomar decisões que são as responsáveis pelos outros, pela comunidade, pela Igreja, pela sinolidade. É um convite a uma maior maturidade, a dar um passo a mais”, discerniu para dizer que isso só se faz com o “pé na lama”, como em Aparecida, com nossa Senhora encontrada entre os pescadores. “A mãe que se coloca na lama para encontrar seus filhos. E onde estão esses homens? No meio do trabalho, no sustento da família, pescando. É onde se encontram os verdadeiros encontros”, refletiu.
A teóloga analisou também que a “grande missão para uma igreja em saída é construir a comunhão plena com Deus, com os seres humanos, com a terra, consigo mesmo, começando agora. A comunhão não se acomoda, gera sempre missão, e por fim, é a família humana, sem exclusão, em sua peregrinação na abertura e na realização do reino de Deus”, acredita a teóloga.
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Assessoria de Comunicação do 4º CMN | Fotos: Patryck Madeira