9º Formise Nacional destaca a formação integral para uma Igreja em saída

“A alegria do Evangelho na vida e na missão do presbítero” foi um dos temas estudados no 9º Encontro de Formação Missionária para Seminaristas (Formise) Nacional realizado ao longo desta semana, dias 16 a 21, na sede das Pontifícias Obras Missionárias (POM) em Brasília (DF). A formação reuniu 60 seminaristas de todos os regionais da CNBB e concluiu uma série de reflexões com o tema “A formação integral para uma Igreja em saída”. O estudo foi conduzido pelo padre Jaime Carlos Patias, secretário nacional da Pontifícia União Missionária. Publicamos, a seguir, uma síntese das principais colocações do assessor.

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Nós somos cristãos, padres, seminaristas, leigos, religiosos para a Igreja que está no mundo. Por isso, a urgente necessidade de reafirmar e dinamizar a formação missionária de todo o corpo da Igreja. Como formar o discípulo missionário de maneira integral? Padre Patias respondeu citando a carta dos bispos referenciais para a Missão nos regionais da CNBB, publicada em 24 de março deste ano. Por meio “de uma formação capilar e permanente, bem articulada, de modo que nos torne mais profundamente humanos, radicalmente cristãos, autênticos discípulos missionários, a partir da vocação específica de cada um”.

A base de tudo é o encontro com Cristo que leva à conversão, ilumina a mente, toca o coração e destrava os pés, conduzindo a uma profunda inserção na realidade. “O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha, fala, respira, trabalha com ele, em todos os momentos de sua caminhada” (EG 266). Aqui está um paradigma que precisamos mudar: formação é para toda a vida e o seminário é apenas uma etapa e é a mais breve. Por isso, é necessário que cada presbítero se sinta sempre um discípulo a caminho, aberto à formação permanente, integral e processual.

O presbítero é chamado a ser o homem da comunhão. Por essa razão, o processo formativo deve levar os seminaristas a fazerem uma profunda experiência de vida comunitária. O próprio seminário deve ser, antes de tudo, uma verdadeira comunidade cristã, de pessoas que acreditam em Jesus.

IMG_7691Um presbítero bem integrado deve ser capacitado a viver o princípio da sinodalidade, caminhar junto com o povo, em comunhão com os irmãos do presbitério, com o bispo e toda a Igreja. A sinodalidade faz compreender que todos os ministérios da Igreja derivam do Batismo, pelo qual todos os cristãos caminham juntos.

O presbítero também é chamado a ser homem da missão: a missão gera comunhão e a comunhão é para a missão. O Concílio Vaticano II definiu a Igreja peregrina como missionária por natureza (AG 2). Essa é a sua vocação, sua identidade. A missão tem origem na Trindade. Neste sentido, a Ratio fundamentalis Institutionis Sacerdotalis insiste que em todos os seminários se crie um ambiente missionário para ajudar os seminaristas a experimentarem a alegria de partilhar a própria fé com outras pessoas, sobretudo com aquelas que ainda não creem em Cristo.

Falamos da alegria do Evangelho na vida e na missão do presbítero. De onde vem esta alegria? A alegria do Evangelho tem sua raiz na festa de Pentecostes, na qual celebramos a plenitude do mistério pascal com o dom do Espírito. A alegria tem a sua motivação mais profunda no encontro com Cristo ressuscitado. Toda nossa vida deve ser marcada pela alegria do Evangelho. Se a Igreja é por natureza missionária, a alegria é a carteira de identidade e a condição para a sua vitalidade. Essa reflexão está em sintonia com o 4º Congresso Missionário Nacional.

Jesus apresenta três critérios essenciais para o discipulado: a) renunciar a si mesmo: libertar-se de toda ambição pessoal e de todas as seguranças; b) tomar a sua cruz: libertar-se continuamente do apego à vida e estar pronto a doar-se nos compromissos diários do ministério; c) e segui-lo: só quem se libertou do eu e do apego à própria vida pode seguir Jesus até o fim, abandonando-se a Deus em favor dos outros. “Aquele que quiser salvar a sua vida vai perde-la; mas quem a perder, por minha causa, esse se salvará” (Lc 9, 24).

O relato evangélico da ressurreição do filhIMG_7680o da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) nos mostra o encontro de dois cortejos: o da vida (Jesus e os discípulos) e o da morte (viúva, filho morto, amigos). Um é liderado por Jesus, o outro por um cadáver. Jesus parou, compadeceu-se, consolou, tocou o caixão, a situação. A viúva nos recorda a humanidade abatida e desesperada. Hoje, os cortejos da morte passam todos os dias à nossa frente. Qual é a nossa atitude como discípulos missionários de Jesus?

A missão concentra-se no essencial. Não é uma transmissão desarticulada de doutrinas impostas. A missão é profunda, não é proselitismo e auto complacência. Mas é sair porque Deus saiu primeiro. O horizonte da Igreja em saída são as periferias geográficas e existenciais. Não pode, entretanto, esquecer a missão ad gentes além-fronteiras.

Todo envio pressupõe um ponto de partida, um ponto de chegada e uma tarefa a ser cumprida. Não existe missão sem saída. A Igreja não é feita para ficar fechada em suas instituições e burocracias, mas para sair, anunciando a todos a alegria proveniente do encontro com Jesus Crucificado-Ressuscitado.

(Síntese elaborada pelos seminaristas Lucas André Stein, Fabiano Francisco da Silva e Ricardo Witt).

O 9º Formise Nacional foi promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) e o Centro Cultural Missionário (CCM), em comunhão com a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB e a Organização dos Seminários e Institutos no Brasil (Osib).

Leia também: A dimensão Comunitária na formação presbiteral – Padre Nivaldo dos Santos Ferreira

A missão na vida do presbítero – Padre Jaime Luiz Gusberti

A dimensão espiritual da formação presbiteral – Padre João Cândido da Silva Neto

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Confira aqui álbum de fotos do 9º Formise Nacional

 

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