O Concílio Vaticano II representa um marco na história da Igreja, promovendo uma profunda renovação teológica, pastoral. missionária e eclesial que continua a conformar a vida cristã e a missão evangelizadora no mundo contemporâneo. Passadas seis décadas da conclusão do Concílio, revisitar seus documentos e ensinamentos permanece uma tarefa imprescindível para compreender a identidade da Igreja no século XXI e fortalecer o compromisso com uma evangelização renovada, sinodal e aberta ao diálogo com o mundo.
A convocação do Concílio Vaticano II surpreendeu a Igreja e o mundo. Em 25 de janeiro de 1959, o Papa João XXIII, reunido com um pequeno grupo de cardeais, anunciou a decisão de convocar um Concílio Ecumênico. A notícia, inesperada e ousada, provocou grande impacto em uma época marcada pela Guerra Fria, pela polarização ideológica e por um catolicismo que se encontrava seguro em suas estruturas, dogmas e certezas.
O anúncio gerou entusiasmo e esperança, mas também desconfiança e resistência, especialmente dentro da própria Cúria Romana. A fase preparatória foi, para João XXIII, um período de solidão e discernimento. Os trabalhos iniciais foram influenciados pela Cúria, o Papa, com firmeza e sensibilidade pastoral, conseguiu gradualmente imprimir a visão de uma Igreja aberta aos sinais dos tempos. Esse processo culminou na solene abertura do Concílio, em 11 de outubro de 1962.
Após três anos de debates intensos, troca de experiências e escuta mútua entre bispos do mundo inteiro, o Concílio Vaticano II foi concluído em 8 de dezembro de 1965, já sob o pontificado de Paulo VI. Ao final dos trabalhos, a Igreja oferecia dezesseis documentos: Constituições, Decretos e Declarações, que se tornariam referência para sua vida e missão nas décadas seguintes.
Entre esses textos, destaca-se o Decreto Ad Gentes, dedicado à atividade missionária da Igreja. Sua elaboração foi longa e complexa, refletindo a necessidade de repensar profundamente o sentido da missão em uma época de transformações sociais, políticas e culturais. Promulgado em 7 de dezembro de 1965, o decreto reafirma o caráter missionário intrínseco da Igreja e aponta caminhos para uma evangelização que valoriza a dignidade humana, o diálogo intercultural e o testemunho autêntico.
O Concílio Vaticano II continua sendo muito atual e ainda precisa ser concretizado. Celebrar os 60 anos do encerramento do Concílio Vaticano II é não apenas, recordar um evento histórico que criou processos de renovação eclesial, mas, reviver a essência missionária da Igreja, que brota do próprio coração de Deus, que chama todos à comunhão, participação, reconciliação e esperança.
Pe. Rafael López Villaseñor, sx
Secretário Nacional da União Missionária

