Por Dom Esmeraldo Farias*
No processo formativo dos seminaristas, as ações missionárias têm um lugar fundamental.
Agradeço muito a Deus pela Ação Missionária Vocacional Nacional realizada em Manaus! Propus que o assunto fosse refletido no Conselho Presbiteral e na equipe de acompanhamento vocacional, ao ver como uma grande oportunidade para os dez seminaristas maiores conhecerem realidades bem diferentes, entrarem em contato com seminaristas e padres das várias regiões do Brasil em atividades missionárias bem concretas e, certamente, desafiantes.
O Conselho Presbiteral entendeu que participar em Manaus seria dar um passo a mais para firmar a formação missionária dos seminaristas. Com o seu parecer favorável e com a ajuda recebida das POM, pois não seria possível efetivar isso em razão do alto custo das passagens, seguimos e lá nos encontramos, com participação de intensa programação, incluindo uma preparação, visitas a áreas ribeirinhas, urbanas e de periferias da grande Manaus, a grupos indígenas e outras realidades e, ainda, uma avaliação final.
A formação missionária dos seminaristas deve se prolongar nos períodos da semana santa e das férias, quando estão na diocese e nos finais de semana, nas paróquias próximas e quando estão no seminário. As orientações da diocese apontam para a convicção de evitar um corte no processo formativo, mas que as ações missionárias sejam um claro sinal de a Missão ser eixo fundamental, que dá a tônica em toda a formação e deve perpassar todas as atividades inerentes a esse processo.
Com os passos da Ação Missionária em Manaus e nas dioceses vizinhas de Itacoatiara e Coari, pude perceber a alegria dos participantes (seminaristas, diáconos, padres formadores, religiosas(os) e juventude missionária) e ver a disponibilidade para irem às comunidades onde foram enviados.
Na avaliação final, a maioria dos 282 participantes assume a forte centralidade de Jesus Cristo missionário do Pai, Verbo Encarnado, acolhedor das pessoas com atenção especial aos seus sofrimentos, aquele que se identifica com os pobres e todos os que sofrem e ao que daí decorre. Eles falam do lugar fundamental das ações missionárias em todo o processo formativo, pois “somente um coração apaixonado por Cristo é capaz de sair em missão”. Ainda acrescentam: “As atividades missionarias ajudam a “desenclausurar” o seminarista para ir ao encontro dos pobres, ser sinal da Igreja em saída. A ação missionária faz conhecer, compreender e respeitar as realidades que nos desinstalam e questionam, procurando purificar-nos de todo resquício de mentalidade colonizadora”.
Outros destaques feitos pelos participantes: “Amar Jesus nos pobres, nas outras pessoas, contemplar sua presença. O contato com os mais pobres e o cuidado com eles é fundamental para a vida de fé, assim como ir às periferias, escutá-los e estabelecer escolhas a partir dos últimos, sendo solidários às suas causas”.
Encanta-me ver o entusiasmo dos formandos e formadores que se abrem a um processo formativo onde a missão não é uma dimensão do referido processo, mas fundamento e horizonte para a vida do discípulo missionário de Jesus Cristo, como Igreja em saída! Como dar continuidade!?
* Bispo de Araçuaí (MG)