Dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, apresentou a questão do “solo urbano” ao plenário do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na manhã da terça-feira, 20 de junho, em Brasília (DF).
O bispo considera que o último o Estudo 109 da CNBB, “Solo Urbano e a urgência da paz”, lançado em 2016, sobre o assunto precisa da animação de toda a Igreja para se aprofundar a consciência das comunidades católicas. “Hoje se constroem cidades sem Deus”, disse dom Werlang. Ele ilustrou a questão mostrando que os novos loteamentos, condomínios e outros espaços urbanos não consideram mais a ocupação por parte da Igreja.
O debate sobre o assunto teve ampla participação. Os bispos lembraram a realização de encontros sobre a pastoral em grandes cidades e a possibilidade de que esse texto, informalmente, seja apresentado dentro desse tipo de fórum de discussão. Houve também quem se manifestasse para dizer a importância de uma nova reflexão sobre os espaços urbanos não somente sobre a presença de templos, mas a ocupação da comunidade com atividades para os jovens e para as famílias nas comunidades.
Na conversa entre os membros do Conselho Permanente também sobressaiu a necessidade de que a Igreja precisa se manifestar considerando a presença do Evangelho e da Ética no fenômeno do crescimento das cidades. Uma sugestão prática é de que o documento seja mais conhecido nas comunidades. Grande parte da população vive nas metrópoles e é preciso distinguir bem a questão urbana, em geral, com todas as suas implicâncias e a presença e atuação da Igreja.
A Pastoral do Solo Urbano, lembrou um dos participantes do debate, que já existiu em várias dioceses do Brasil poderia realizar um acompanhamento da questão. A situação da presença da Igreja nas cidades é um tema urgente e precisa ser aprofundado. Isto foi destacado por um dos membros do Conselho Permanente e, nesta linha, sugeriu que seja este tema seja considerado de forma mais ampla em alguma iniciativa da CNBB.
O diretor-executivo da Cáritas Brasileira, Luís Claudio Mandela, comunicou aos bispos que a entidade tem cadeira no Conselho Nacional das Cidades e tem procurado chamar a atenção para desafios de ocupação comunitária; as pastorais da Igreja poderiam contribuir ainda mais nas organizações sociais nas cidades e há um grupo de trabalho sobre a questão urbana para ajudar na reflexão de agentes de pastorais com o olhar do desafio da vida urbana.
Dom Werlang informou que o Grupo de Trabalho (GT) que preparou o texto de estudo tem um enfoque próprio, mas percebe que o próprio debate mostra que é preciso de complementações e enfoques diferentes. O solo e sua organização e a questão eclesial e pastoral são dois temas distintos e que, talvez, devam ter um tratamento próprio, ponderou dom Werlang. Um membro do participante sugere que se faça uma promoção a respeito do documento sobre o Solo Urbano e a questão da presença da Igreja nas cidades seja objeto de um estudo maior e mais aprofundado, amplo e urgente que poderia ser encaminhado pela CNBB.
Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, moderador do debate no Conselho, informou o plenário que a reflexão caminhou em três direções: refletir e aprofundar o texto; tornar o texto mais abrangente levando-o a fóruns novos como encontro da pastoral em grandes cidades e, por fim, envolver os bispos e a Igreja na reflexão que pudesse resultar em um documento sobre a questão da Pastoral Urbana.
Fonte: CNBB