Congresso faz memória dos mártires e convoca missionários para não deixar a profecia cair

por Geraldo Martins

Irmã Adelaide, Chico Mendes, padre Josimo Tavares, padres Ezequiel Ramim, padre João Burnier, dom Oscar Romero, Irmã Dorothy Stang, Margarida Alves. Esses foram alguns dos nomes citados pelo arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, durante a conferência que proferiu nesta sexta-feira, 8, no 4º Congresso Missionário Nacional ( CMN), em Recife (PE). O que esses homens e mulheres têm em comum? O testemunho e o martírio por causa do evangelho, tema da conferência do arcebispo.

DOM ROQUE (18)Emocionados, os 700 congressistas que lotam o Teatro Madre Chantal, do Colégio Damas, acompanharam com atenção a conferência do arcebispo, entremeada de vídeos e imagens de missionários e lideranças populares assassinados no Brasil na luta pelos direitos humanos ao longo de décadas. Dom Roque ressaltou que o profetismo sempre acompanhou a Igreja ao longo de sua história. “A Igreja é herdeira e continuadora do profetismo do primeiro e do segundo testamento”, disse.

Dom Roque ligou o testemunho e a profecia com a opção pelos pobres na Igreja da América Latina. “A opção pelos pobres na América Latina desemboca forçosamente na profecia. O profeta fala tudo o que Deus quer e só o que Deus quer. Na espiritualidade profética não há contradição entre fé e vida”, afirmou.

O presidente do Cimi condenou as reformas defendidas pelo presidente Temer, especialmente, a trabalhista e a da Previdência, além da extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), no Pará e Amapá. “Os direitos estão sendo violados simplesmente com uma canetada do Temer para o desespero dos pobres. Com esse Congresso, passa tudo. A situação é desesperadora por causa das decisões do executivo e legislativo”, avaliou.

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O arcebispo classificou de “desesperadora” a situação vivida pelos indígenas com as constantes ameaças aos seus direitos. “Os direitos indígenas estão sendo solapados. A situação é desesperadora. Os projetos das grandes barragens vão atingir muitos povos indígenas sem contato”, advertiu.

Dom Roque exortou os missionários a não deixarem a profecia cair. “Não podemos ter a tentação de fugir da cruz. O testemunho fiel da missão sempre foi a melhor pregação que a Igreja pode fazer na história da humanidade. O profeta é capaz de ouvir a palavra de Deu na vida do povo”, observou.

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Lembrando figuras como dom Helder Câmara e dom Pedro Casaldáliga, disse que o testemunho é necessário para a sobrevivência e a continuidade da Igreja. “Não se pode ser cristão e suportar a injustiça com a boca calada”, disse, citando o bispo emérito de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga.

O arcebispo concluiu sua conferência recordando o testemunho de algumas mulheres indígenas, na luta pela demarcação das terras indígenas. “Testemunho e profecia não se fazem só com palavra. Nosso Congresso não pode deixar morrer a memória de tantos irmãos e irmão que tombaram por causa de Deus”, concluiu.

Para tratar do tema central do Congresso “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, foram programadas cinco grandes conferências e 20 oficinas.

O Congresso é promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (Comina) e a arquidiocese de Olinda e Recife.

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Assessoria de Comunicação do 4º CMN

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