De Coração a Coração: do Coração da Amazônia ao Coração do Piauí

Impulsionados pelo Espírito Santo e motivados pela alegria do Evangelho, seminaristas da Diocese de Roraima (RR), da Prelazia de Borba (AM), da Arquidiocese de Manaus (AM), da Arquidiocese de Porto Alegre (RS) e das Dioceses de Parnaíba, Campo Maior, Picos, São Raimundo Nonato, Bom Jesus e da Arquidiocese de Teresina (PI) acompanhados dos 5 padres que compõem a equipe de formação do Regional Nordeste 4 da CNBB e do Presidente do Conselho Missionário Nacional (Comina), Dom Esmeraldo Farias, estiveram em missão na Diocese de Bom Jesus do Gurguéia, no Piauí, por aproximadamente um mês.

20180128_092109A missão aconteceu entre os dias 03 a 29 de janeiro nas paróquias Nossa Senhora de Fátima em Monte Alegre do Piauí, São Gonçalo em São Gonçalo do Gurgueia e Divina Pastora em Gilbués, pertencentes à Diocese de Bom Jesus.

A iniciativa faz parte do Projeto de Cooperação Missionária entre a Igreja no Piauí e na Amazônia, que tem como propósito fortalecer a consciência missionária dos futuros padres para uma missão ad gentes. Partindo de iniciativa dos seminaristas com o apoio da formação e dos bispos, o projeto tem por objetivo confrontar o formando com a realidade missionária, de maneira especial a situação religiosa da população amazônica e piauiense, mas também a sua situação social, política e econômica, fortalecendo assim o chamado e resposta à missão.

O itinerário missionário

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A experiência missionária No Coração do Piauí foi motivada pelo Evangelho de Lucas, capítulo 24, versículo 31: “E os seus olhos se abriram”. Foi apoiada em quatro colunas, correspondente às quatro semanas: o tempo do encontro, tempo do caminho, tempo da amizade e o tempo do envio.

20180116_094850A programação da missão foi marcada pelas visitas às comunidades urbanas e rurais das Paróquias Nossa Senhora de Fátima, São Gonçalo e Divina Pastora, pelo contato direto com os fiéis paroquianos, pelos momentos de adoração, convivência missionária entre os seminaristas, oração do terço na casa das famílias acolhedoras, encontros com as crianças, jovens e pastorais, momentos de formações, missas celebradas nas comunidades urbanas e rurais, caminhadas, encontro evangelizador, partilhas e avaliações ao fim de cada semana, show missionário, confissões, e as viagens longas e animadas, e pelas amizades construídas em cada comunidade onde os missionários estiveram.

O seminarista Yago Waquim, do primeiro ano de teologia da Arquidiocese de Teresina, ressalta a importância do encontro: “Foram encontros que marcaram profundamente a minha vida como vocacionado ao sacerdócio. Essa missão ficará registrada para sempre em minha vida. Foi um verdadeiro encontro com Cristo através das pessoas”. Sobre a programação o seminarista dá destaque à convivência entre os missionários dos três regionais, depois os encontros de formações com Dom Eduardo Zielski, titular da Diocese de São Raimundo Nonato e referencial para as missões do Regional Nordeste IV da CNBB, que refletiu sobre o encontro que gera alegria, “A alegria do Evangelho”, e Dom Esmeraldo Farias, auxiliar da Arquidiocese de São Luís e referencial para as Missões no Brasil. Além do encontro evangelizador e momentos de espiritualidade com a comunidade.

WhatsApp Image 2018-01-18 at 11.44.53 (13)Dom Esmeraldo abordou, a alegria de caminhar juntos, a Igreja em saída e vocacionados em missão, dentre outros pontos importantes, como a sinodalidade e comunhão. Sobre a sua presença, o seminarista Aerto Silva, do segundo ano de Filosofia da Diocese de Bom Jesus lembra: “Foi bonito perceber o pastor próximo das ovelhas, fazendo visita porta a porta com os seminaristas, os gestos, as palavras, a dinamicidade, tudo isso nos fez sentir a presença de Jesus em nosso meio”.

Testemunhos que marcam a vida do missionário

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Numa experiência missionária há testemunhos que marcam a vida dos missionários, como o de Dona Damiana, da comunidade Regalo, de 93 anos, que demonstra muita fé e determinação: percorre cinco quilômetros para chegar a Comunidade para as celebrações. Na acolhida aos missionários, pela manhã, dona Damiana esteve presente e ainda voltou a noite para a missa. Outro testemunho que tocou a todos foi o do seu Jovelino, de 53 anos. Motivado por Dom Esmeraldo, relatou: “Com o apoio de minha esposa, fiel na oração, há três anos voltei à fé católica, pela oração do Terço dos Homens e desde então abandonei o alcoolismo, hoje sou um homem novo e feliz”.

O seminarista Péricles dos Santos, do quarto ano de Teologia da Prelazia de Borba (AM), fala de sua experiência na Missão No Coração do Piauí: “Cada experiência vivenciada ao longo do mês foi de modo singular, pois cada comunidade demonstrou na sua simplicidade a sua calorosa e fraternal acolhida, a sua expressão de fé e o testemunho de comunidade cristã perseverante, mesmo diante das dificuldades sociais, políticas e econômicas. O que me encantou foi a alegria do povo, o modo como eles vivem felizes; por outro lado, este povo me ensina que não é preciso ter muitas coisas para se viver, mas cultivar e amar aquilo que aprendi. Dessa missão fica a saudade de uma experiência profunda no meio do nosso povo, de estar ali onde fomos enviados, de fazer a missão com o coração aberto para a realidade, e mais ainda, de descobrir as sementes do Verbo em tantos lugares”.

IMG-20180105-WA0033Marcus Vinicius Shiomi, seminarista do segundo ano de Teologia da Arquidiocese de Porto Alegre (RS), partilha sua experiência: “Muitas coisas me tocaram, algumas maiores, outras menores, mas, acho que o que mais me marcou foi o sorriso e o abraço acolhedor dos irmãos seminaristas, padres e das famílias que encontramos. Eu era o único do Sul do País, estava longe de casa, mas me sentia como se estivesse em família. Pude sentir como é bom ser católico, porque somos uma família espalhada pelo mundo. Também me marcou a bela experiência de fé de muitas pessoas e os benditos: tão encantadores e piedosos, tocaram meu coração. Me sentia sempre entre irmãos e caminhando com o próprio Senhor, como faziam os apóstolos. Esses dias de missão me ajudaram a responder novamente ao chamado vocacional que venho discernindo nessa caminhada rumo ao sacerdócio. Que muitos outros possam ter a graça dessa experiência.”

Dom Esmeraldo Farias, presidente do Comina, fala da vivência missionária com os seminaristas: “A Igreja peregrina é por natureza missionária, por isso que a Diocese como um todo, envolvendo o bispo com os padres, diáconos, religiosos, seminaristas leigos e leigas, precisa vivenciar experiências missionárias para que fortaleça a sua convicção missionária. Eu não posso ter somente a convicção missionária na cabeça, essa certeza que precisamos ir ao encontro das pessoas, precisa está enraizada em nossos corações e ir para a prática, para que nós possamos falar da missão, vivenciar a missão e experienciar a missão. Minha expectativa é que os seminaristas que participaram da missão No Coração do Piauí possam firmar no seu coração a convicção de que são chamados a serem missionários padres em suas dioceses, com abertura para outras regiões mais necessitadas”.

20180128_085639Para o seminarista Luan Sena, do segundo ano de teologia da Arquidiocese de Manaus: “A cultura do encontro foi um marco da experiência no Piauí, onde as pessoas em sua simplicidade mostraram que o acolhimento desse povo, é um dos principais atributos do povo piauiense. A cada abraço e a cada sorriso daquelas pessoas que na alegria do evangelho, buscam sempre um olhar de esperança, encontrei Cristo. Um povo que alimenta a sua fé também através de gestos populares e transmite essa fé ao acolher um peregrino de outra terra e nesse gesto compreende que é o próprio Jesus Irmão que eles recebem na sua casa”

Francisco Café, seminarista do segundo ano de teologia da Diocese de Parnaíba (PI), relata: “Para mim, vocacionado ao sacerdócio da Igreja de Cristo, posso dizer agora com toda convicção que as visitas as comunidades da Diocese de Bom Jesus do Gurguéia (PI) me fizeram repensar minha vocação, em especial a comunidade de Conceição dos Oliveiras, no município de Gilbués, onde percebi a importância do convite do Papa, onde nos convida a sair para ir ao encontro do outro. Isso notei nas lagrimas daqueles que com alegria lacrimosa acolhia-nos em suas casas e partilhavam suas vidas com os missionaristas (seminaristas). E assim retorno mais uma vez fortificado para minha caminhada vocacional”.

Carlos Carioca, do primeiro ano de Teologia, da Diocese de Roraima (RR) lembra: “Ao encontrar Jesus, a primeira ideia é parar e conversar, mais é caminhando que um diálogo nasce e faz crescer, tornando-se amizade. Foram palavras que marcaram essa vivência missionária, e nelas percebi a presença de Deus agindo. É certo que Jesus fascinou os primeiros discípulos e fascina até hoje, e, ele nos faz uma proposta de nos comprometermos com seu projeto pela vida. O que mais me marcou nessa missão foi a fascinação do povo pela pessoa de Jesus Cristo, pois, é possível perceber o amor e a misericórdia de Deus ao se aproximar Dele”.

20180107_160817Anderson Nascimento, da Arquidiocese de Teresina (PI), do primeiro ano de teologia, disse que “observando os costumes, a vida no campo, as relações das pessoas que vivem de maneira humilde mas com fé; comunidades que mesmo sem catequese, sem saber muitos conceitos teológicos, possuem uma fé experienciada, vivificada no próprio Cristo que faz os seus corações arderem, conhecemos um Cristo real e vivo que habita e conduz a vida do homem do campo, que não mede esforços para suster sua vida e que encontra esperança e fé em todas as atividades do dia”.

A gratidão é uma das melhores amigas da missão. Com ela, o bispo diocesano de Bom Jesus, Dom Marcos Tavoni, dirigindo-se aos missionários, agradeceu a disponibilidade de todos que missionaram em sua Diocese: “Nós estamos de coração agradecidos; suplico a benção de Deus sobre esses jovens vocacionados ao ministério sacerdotal, que Deus os recompense por todo bem que fizeram nesse tempo as comunidades mais longínquas de nossa Diocese, que eles possam levar as suas diocese de origem o nosso abraço e benção de gratidão. Essa missão deixa plantado em nossos corações o convite para que possamos fomentar entre nós um estado permanente de missão, atendendo assim o apelo do papa Francisco, que nos convida a ser uma Igreja em saída, anunciando o evangelho e anunciando com alegria”.

 

Comentários

2 respostas

  1. Igreja em saida! Vamos caminhar com alegria, oferecer nossa vida com ardor da ação missionária, seguindos os passos do Mestre, JESUS!

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