por Victória Holzbach *
Uma das propostas da visita de dom Esmeraldo Barreto de Farias, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB e do padre Maurício da Silva Jardim, diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) à Moçambique é conhecer a realidade dos missionários e missionárias do Brasil que atuam naquele país da África austral. Para proporcionar essa escuta, foram realizados em Pemba e em Nampula, dioceses localizadas no norte do país, encontros com os brasileiros.
A diocese de Pemba conta atualmente com 25 missionários, entre eles o bispo, dom Luiz Fernando Lisboa. O encontro com os brasileiros no local ocorreu no dia 06 de outubro e reuniu padres, irmãos, irmãs e um diácono. Já em Nampula, que conta com 20 missionários, o encontro aconteceu na última segunda-feira, 09 de outubro, com presbíteros, religiosos, religiosas e leigos.
O padre Pedrinho Secretti é natural do Rio Grande do Sul e está há um ano e meio em Pemba. Para ele, o encontro foi muito valioso pela partilha proporcionada. “Partilhamos os desafios da nossa missão e, juntos, pensamos alternativas para essas provocações”, destaca o sacerdote. Irmã Lídia Rodrigues, Missionária de Jesus Crucificado, de Nampula, aponta que a visita proporcionou ao grupo dos missionários brasileiros na Arquidiocese uma reflexão sobre as dificuldades e esperanças de cada um. “Vivemos a alegria de poder nos encontrar como missionários”, conclui a religiosa.
O contexto social de Moçambique é um grande campo de trabalho para os missionários. Entre as dificuldades enfrentadas na missão, estão a exploração em minas de ouro, rubis, grafite, mármore e a realidade das injustiças sociais, especialmente ligadas a desvalorização da mulher, ao descaso na saúde e na educação e a falta de saneamento básico e acesso à água.
Apesar destas dificuldades, há muitos sinais de esperança e alegria na missão que vai além do atendimento pastoral nas paróquias. Entre as equipes missionárias e congregações, há um esforço muito grande no trabalho com as mulheres e crianças, através de reforço escolar, bibliotecas, escolas, formações, saúde alternativa e associações para complementação e geração de renda.
Segundo dom Esmeraldo Barreto de Farias, “conhecer mais de perto – ver, ouvir, sentir com o coração, tentar compreender – aspectos da realidade de um povo e a sua cultura, abre ainda mais o coração para a importância da missão ad gentes. A oportunidade de participar dos encontros com missionários(as) brasileiros(as) em Pemba e Nampula confirmou em mim a convicção de que o Espírito Santo é o protagonista da missão. Ele suscitou no coração de cristãos leigos(as), de religiosas e de padres religiosos e diocesanos a resposta ao chamado de Deus para seguirem Jesus como missionários(as) nessas terras de Moçambique”, ressalta o bispo.
Dom Esmeraldo e padre Maurício da Silva Jardim, permanecem em Moçambique até o dia 18 de outubro
* Jornalista e Missionária em Moma, Moçambique