Dom Philip Dickmans: “Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro tem como tema de fundo a Missão ad Gentes. O Brasil é um país que acolheu ao longo da história muitos missionários e missionárias chegados de diferentes países. Um deles é Dom Philip Dickmans, bispo da diocese de Miracema (TO), que chegou no Brasil em 1996, fazendo assim realidade seu desejo que sempre teve de ser missionário, algo que viveu em sua família, que sempre apoio financeiramente e com a oração os missionários e missionárias belgas. Ele afirma que “é muito importante o que você recebe de seus pais, porque o que você recebe deles, você também vai viver”.

Eu queria participar da missão ad gentes
Sempre interessado em ouvir os missionários e missionárias, ele diz ter ficado sempre muito impressionado com a Igreja em missão na África, e antes de ser ordenado, querendo confirmar se ele tinha uma vocação diocesana ou missionária, ele fez uma experiência missionária na Ruanda, “onde consegui confirmar com toda firmeza que eu queria ser missionário”. O bispo lembrou que “a nossa Igreja na Europa, na Bélgica, sempre teve a oportunidade de ter muitas vocações, a Bélgica era um país muito católico, um país que enviou muitos missionários, e eu queria participar também dessa missão, ser um cristão, um padre ad gentes, fazer a missão”.

“Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”, segundo Dom Philip Dickmans, que fala sobre a realidade de uma Igreja na Europa que ia em missão. Em sua experiência missionária, ele conta que quando chegou no Brasil foi um momento de estar com o povo, conhecer o povo, relatando experiências que fizeram que ele mudasse seu jeito de pensar, seus costumes, aprendendo a gostar do que o povo gosta, aprender a língua do povo, considerando o mais importante, “estar com o povo e reconhecer Jesus Cristo no meio de nós”.

Nunca se arrependeu de ser padre, de ser missionário
Depois de 12 anos de padre no Brasil, 15 de bispo, e mais 6 como padre em sua terra, ele ressalta que “não teve nenhum dia na minha vida que me arrependesse de ser padre, de ser missionário”. Dom Philip Dickmans disse que “os problemas, as dificuldades, não faltam não, mas depois da pandemia, tudo é missão ad gentes, tem que recomeçar, tem que animar de novo o povo. Mas também, tem tantas coisas boas, que de vez em quando é bom para você começar de novo”. O bispo de Miracema fala de uma Igreja que voltou para trás, onde o trabalho é mais complicado, tem que animar de novo.

Dom Philip Dickmans fala dos meios de comunicação que se desenvolveram tanto na pandemia, mas afirma que “o Cristo você não encontra no celular”, Reconhecendo seu papel extraordinário como meio de comunicação, que ajudou demais, “mas agora é tempo de juntar de novo o povo, porque um abraço é tão bom, uma palavra melhor ainda, dizer para outra pessoa vamos em frente, eu amo você, aí o outro fica com mais coragem”.

Experiências de missão da Igreja do Brasil
Com relação à missão ad gentes da Igreja do Brasil, ele disse ter conhecido duas experiências, uma em Moçambique, onde inclusive iria ser missionário da Arquidiocese de Palmas, antes de ser bispo, destacando o fervor, o ânimo com que anunciavam Cristo diante de situações e condições de vida muito miseráveis. Diante disso, o bispo insiste em que “quando se tem pouco, aí a pessoa é mais importante, o Cristo aparece mais”. A segunda experiência foi no Haiti, onde conheceu o trabalho na grande favela Vila Soleil, com uma extrema pobreza, mas lá tinha as irmãs, os padres, anunciando a Boa Nova.

Ele insistiu em pedir ao povo brasileiro seriedade na questão da oração pelas vocações, e depois do 3º Ano Vocacional animar os jovens a tomar decisões a seguir o Cristo concreto. O bispo de Miracema disse que “tem dioceses que tem padres demais, e aí seria tão bom que esses irmãos abram seu coração e digam, vamos em missão, vamos deixar o comodismo e vamos em missão”. Segundo Dom Philip Dickmans, “na hora em que a gente entra nas comunidades, no meio do povo, e se deita numa rede, vai visitar os indígenas, fica atolado no meio da estrada, aí você fica sentindo o ardor fervendo no seu coração”.

Uma Igreja que anuncia, que sai de si
O bispo falou sobre a missão entre o clero diocesano no Brasil, lembrando que em certa ocasião falou com um dos seus bispos e disse que “mesmo que a nossa diocese tenha cinco padres, um tem que estar em missão, porque uma Igreja, ela vai para trás quando ela começa se fechar”. Ele lembrou de São Paulo, que “ficou sempre andando sabendo que os cristãos podiam seguir ele ou não, pudendo ser morto ou não, mas ele sempre foi anunciar”. Segundo Dom Philip Dickmans, “a Igreja tem que ter essa caraterística de anunciar, de sair de si”.

“O Papa Francisco desde o início de seu pontificado está falando que temos que sair”, destacou o bispo. Segundo ele, “normalmente, um padre diocesano tem que ficar na sua diocese, por isso se chama de diocesano, mas foi uma carta do Papa Pio XII que convidou os bispos da Europa para enviar os padres para América Latina”, lembrando que agora os fidei donum estão no mundo inteiro. Ele fez um convite a fazer uma experiência do outro lado do oceano, a ir lá com os mais pobres, afirmando que “você vai se empobrecer por fora, mas por dentro vai ser uma riqueza que nunca para mais”.

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