Encontro reúne comunicadores de todo o Brasil

Comunicadores e comunicadoras que assessoram diferentes entidades estiveram reunidos, entre os dias 13 e 15 de março, com o objetivo de tornar mais eficaz a comunicação de suas entidades e de formar um trabalho em rede. O encontro foi realizado no Centro Cultural Missionário, em Brasília.

WhatsApp Image 2019-03-17 at 19.49.57Dezenove organizações compareceram a reunião, mas a articulação deve receber adesão de outras. A articulação Comunicação por um Outro Mundo Possível (COMP) terá uma agenda comum de campanhas para o ano de 2019. Os temas serão distribuídos durante o ano e os assuntos serão: defesa do território; reforma da previdência; migrantes; desertificação; grito dos excluídos e sínodo da Amazônia.

Outra prioridade da COMP será trabalhar para a formação de Comunicadores Populares, treinando pessoas das comunidades para que elas mesmas gerem notícias sobre sua realidade. Além de abrir um novo canal para geração de notícias, a formação de Comunicadores Populares tem um caráter pedagógico importante para o empoderamento das comunidades, que poderão ter voz própria.

O objetivo é que as boas práticas, as propostas e os apelos dos povos e comunidades populares cheguem ao maior número possível de pessoas, animando-as a se unirem na construção de um mundo em que todas as pessoas e a natureza possam viver e conviver com dignidade, alegria e paz.

Além das reuniões deliberativas e dos debates, o Encontro teve contribuições dos jornalistas Bia Barbosa, do Intervozes, Antônio Martins, do Outras Palavras, e do Padre Ermanno Allegre, fundador do site Adital. Entre inúmeras contribuições, esses especialistas falaram sobre a importância da profissionalização dos setores de comunicação das entidades, o trabalho de comunicação em rede e da necessidade de combater a desinformação.

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POM compõem a rede de comunicação

As Pontifícias Obras Missionárias compõem este grupo, ao lado de mais de 15 entidades sociais e religiosas. Fabrício Preto, jornalista do Setor de Comunicação das POM, destaca a importância deste espaço. “A partir de uma análise de conjuntura de nossa realidade política e social, percebemos a necessidade desta rede de comunicação. Estamos comprometidos em anunciar através das diferentes mídias as práticas de tantas comunidades que buscam construir o bem”, destacou o jornalista.

Comunicadores manifestam intensão

O encontro de comunicadores também elaborou uma carta pública que situa a importância da comunicação para o combate a desinformação que predomina na sociedade brasileira e levar qualificação ao debate político. Leia em seguida a carta:

Brasília, 15 de março de 2019

Nós, comunicadoras e comunicadores de diversas organizações reunidos a convite do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, somos testemunhas da luta do nosso povo e damos o alerta para a política que está se instalando no Brasil. Nosso povo está sendo atacado, os indígenas massacrados, os trabalhadores perdendo seus direitos, as entidades que os defendem são perseguidas e monitoradas, sindicatos estão sendo inviabilizados, universidades perdem recursos e autonomia, professores são perseguidos pela lei da mordaça.

Esse cenário político é confirmado por um ambiente de comunicação afogado por desinformação institucionalizada. Uma verdadeira guerra de mentiras que ludibria, manipula e induz a decisões equivocadas. Nossa sociedade está doente. Cresce a violência em ambientes que deveriam ser absolutamente seguros, dentro das casas, dentro das escolas, dentro das famílias, dentro das igrejas. Os crimes de ódio são repercutidos e incitados por pessoas que têm o dever de defender as políticas públicas protetivas e governar para a paz.

Se queremos construir uma sociedade mais justa, saudável e pacífica precisamos ouvir o Papa Francisco. Precisamos trazer para as nossas entidades, as nossas igrejas, as nossas famílias e para a nossa vida a generosidade, a corresponsabilidade, a reciprocidade e a amorosidade. As lutas pela água como um direito e não mercadoria, pela defesa dos povos indígenas e seus territórios, pelo combate a mudanças climáticas, pela construção de uma nova matriz energética diminuindo o uso de combustíveis fósseis, contra a destruição que a mineração provoca nos territórios, contra as cercas que condenam os pobres e protegem os ricos, contra a acumulação de capital, pela reforma agrária, pela defesa dos diversos grupos étnicos, contra o racismo, a homofobia e muitas outras lutas que são base na busca de outro mundo possível.

A comunicação é uma importante atividade para retomar o ambiente democrático, levar para as pessoas notícias que alimentem as esperanças e estimulem o debate saudável. Nossa comunicação deve buscar a verdade e noticiar especialmente iniciativas que já são realidade e as necessidades dos povos mais pobres e vulneráveis, que precisam ser vistos, ouvidos, amparados. Comunicar não é um acessório na luta dos movimentos sociais. É uma atividade que deve ser vista como basilar no nosso trabalho.

Nossa comunicação precisa ser estratégica e fortalecida para que fertilize essa nova sociedade que precisamos semear. Para isso precisamos cumprir muitas tarefas: dar mais autonomia para os comunicadores, investir em formação continuada e formar equipes que possam trabalhar sem sobrecarga, mesmo compreendendo que os recursos das nossas entidades são muito limitados.

A comunicação popular é uma grande esperança para ampliar a voz do nosso povo. As notícias vindas de dentro das comunidades, escritas pelo próprio povo têm um poder libertador. É um processo pedagógico que pode dar uma contribuição inestimável para a sociedade como um todo.

Assim, decidimos nos unir em uma articulação de comunicação para aumentar nosso alcance, ampliar nossas temáticas e melhor incidir no debate público do país. Criamos hoje a articulação Comunicação para um Outro Mundo Possível – COMP. A união das nossas comunicações, se reforçando e colaborando mutuamente, será importante para nossa busca pela democracia e libertação do nosso povo.

Entidades participantes:
Instituto Madeira Vivo – IMV
Movimento Nacional Fé e Política
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo – MTC
Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Misereor
Rede Jubileu Sul
Cáritas Brasileiras
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA
Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES
Conselho Nacional do Laicato Brasileiro – CNLB
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD
Instituto Caracol – ICA
Movimento Tapajós Vivo
Pontifícias Obras Missionárias – POM
Centro de Estudos Bíblicos – CEB
Fian Brasil – Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas
International Rivers
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social – FMCJS

 

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