O setor de Comunicação das Pontifícias Obras Missionárias realizou nesta terça, 2 de julho, uma entrevista via celular com Dom Odelir José Magri, bispo da Diocese de Chapecó (SC) eleito na última 57ª Assembleia Geral da CNBB presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial. Na entrevista, Dom Odelir fala sobre suas expectativas para o trabalho da Comissão Missionária.
Quais as expectativas para o trabalho a frente da Comissão Missionária da CNBB para o próximo quadriênio?
Dom Odelir – Em primeiro lugar, quero falar da minha alegria em presidir a Comissão Missionária em nível nacional, mesmo sabendo da responsabilidade que isso significa. Sei dos desafios de presidir tal comissão. Também sei que não é um trabalho que farei sozinho, por isso junto com os bispos da comissão, com a executiva do Conselho Missionário Nacional, com os bispos referenciais da missão nos 18 regionais do Brasil, com os coordenadores dos COMIREs e dos COMIDIs, e mesmo em nível paroquial dos COMIPAs, e assim tendo presente todas as forças missionárias da Igreja no Brasil. Uma outra grande expectativa é poder dar continuidade ao trabalho bonito que foi realizado nestes últimos anos, especialmente após a Conferência de Aparecida, e essa colaboração entre as diferentes forças da missão no Brasil: a Comissão Pastoral Episcopal para a Ação Missionária, as Pontifícias Obras Missionárias, a CRB, os organismos como CIMI, os Leigos, e tantas outras forças que tem fortalecido, bem como as Comissões Pastorais Episcopais, lembrando que a missão é a identidade de toda a obra da Igreja. Por isso, tendo isso presente, outra expectativa é a de fortalecer essa rede de multiplicadores, olhando a dimensão da formação nessa tomada de consciência da identidade missionária da Igreja bem como de cada cristão pelo próprio batismo. Essa rede de multiplicadores, lembrando a força que temos, especialmente dos missiólogos em todo o Brasil, é que nos ajuda nesse trabalho de formação. Outra grande expectativa, é a de neste momento bonito de nossa caminhada missionária no Brasil ajudar a conhecer e a implementar o Programa Missionário Nacional.
Como avalia a caminhada missionária da Igreja no Brasil, a partir do chamado do Papa Francisco para uma “Igreja em Saída”?
Dom Odelir – A primeira coisa é reconhecer que a caminhada missionária na Igreja do Brasil, especialmente após a Conferência de Aparecida, é uma caminhada bonita que se confirma numa crescente tomada de consciência da identidade missionária da Igreja e também da missão de cada cristão e de cada batizado. Por isso, estão presentes os sinais dessa realidade marcante nos leigos e leigas através da participação em nível regional nos conselhos missionários. A própria tomada de consciência de muitos presbíteros, bem como a crescente organização dos nossos seminaristas na organização dos COMISEs. Neste aspecto temos visto muitos testemunhos bonitos. Depois de impulsionados pelo apelo do Papa Francisco, a rica experiência das Igrejas-Irmãs em todo o Brasil, com mais de 50 dioceses vivendo essa experiência de troca de forças humanas missionárias, mas também na ajuda com recursos materiais para a missão. A experiência de missão ad gentes com países como Guine Bissau, Moçambique, Haiti, são sinais muito bonitos dessa experiência missionária. As missões populares têm sido um instrumento de ajuda nessa tomada de consciência missionária, de viver a experiência concreta de saída, de ir visitar as famílias, nos bairros mais pobres, nesse ir ao encontro. Então, eu diria que nós contemplamos sinais muito bonitos dessa experiência de uma Igreja que reconhece a sua identidade e vocação missionária. E nisso a gente percebe uma sede, um desejo de participar, de se envolver, de acolhida de propostas missionárias. Por isso, eu diria que vivemos um momento bonito e que precisa ser aproveitado, sendo investido ainda mais em formação e na possibilidade de apresentar propostas concretas para que o povo de Deus e todas as forças da Igreja possam se envolver e viver de perto esse carisma missionário.
Como o Programa Missionário Nacional pode contribuir nessa dinâmica missionária?
Dom Odelir – Eu tenho certeza que o Programa Missionário Nacional vem ser uma ajuda muito especial nesse momento. Primeiro, porque é um reconhecimento daquilo que já desde o pós-Aparecida nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja, dos últimos 10 anos, a missão vinha sendo colocada como uma das urgências. E hoje reaparece como essa dimensão transversal entre as Diretrizes, como comunidades eclesiais missionárias. O Programa Missionário Nacional tem quatro prioridades muito claras, que são a formação, a animação, a identidade ad gentes e o compromisso profético-social. Essas quatro prioridades se concretizam em doze grandes projetos. Isso nos dá uma luz, aponta o caminho, mostra uma direção, podendo ajudar a cada regional, diocese e paróquia, a concretizar na medida de suas forças essas prioridades e projetos. Eu destacaria a contribuição que esse programa pode trazer na dimensão do ad gentes, com esses dois grandes projetos: cada diocese e regional com uma Igreja-Irmã. Olhando para essa dimensão da missão ad gentes, nessas realidades de fronteira, com dioceses e regionais que precisam mais de ajuda, mas também olhando para o ad gentes além-fronteiras, para outros países e continentes. Isso nos ajuda a focar essencialmente naquilo que o Papa Francisco tem nos chamando a ser uma Igreja em saída. Olhando o que dizia Puebla, que partilha da sua pobreza, mesmo daquele pouco que tem. Portanto, vejo o Programa Missionário Nacional um ponto de força, um elemento estimulador para que nossas Igrejas locais possam assumir sempre com mais força sua identidade missionária em projetos e ações bem concretas.
Como tens observado a realização do Mês Missionário Extraordinário na vivência das pastorais nas dioceses do Brasil?
Dom Odelir – Existe uma boa recepção, da expectativa que se criou a convocação do Mês Missionário Extraordinário pelo Papa Francisco. Após toda a organização que foi feita, em nível de Brasil, com a criação do grupo de trabalho, a apresentação das propostas, e a aprovação do conselho permanente da CNBB. Nós divulgamos o Guia do Mês Missionário Extraordinário, se somando com o Guia que veio da comissão central de Roma. Entregamos para cada uma das dioceses do Brasil uma réplica da cruz missionária, que será usada nos momentos importantes nas dioceses e paróquias. E depois, isso se soma com o material que as Pontifícias Obras Missionárias prepararam para o mês de outubro, tudo isso como um material de apoio distribuído para todo o Brasil, com o objetivo de ser um instrumento que ajude a viver esse mês. Quer ser um impulso para que a ação missionária se torne contínua em toda a ação da obra evangelizado da Igreja do Brasil. Temos visto muitos sinais positivos de acolhida, de pedido desse material. Há uma motivação para tudo isso. Isso nos faz acreditar que esse mês terá ações bem concretas nas comunidades. Certamente é um semear que trará muitos frutos.