Por Ir. Antonia Vania Alves de Sousa*
Celebrar o aniversário de 180 anos da Infância e Adolescência Missionária é trilhar, com esperança, o caminho percorrido por Dom Carlos ao pensar a Santa Infância. Portanto, proponho trilharmos seu itinerário, refletindo: O que significa celebrar um aniversário?
Em cada contexto e etapas da nossa vida, celebrar a data de aniversário tem uma motivação específica importante. Nos tempos atuais, ganhou ainda mais significado, quando a família celebra o “mêsversário” de um bebê, expressando a alegria da vida. Outra forma é postar uma foto legendada com a seguinte frase: “como o tempo passa depressa”. Sabemos que, cada dia, cada conquista, praticamente tudo dos primeiros meses de vida de uma criança é celebrada com grande significado e entusiasmo, posto ser a vida em movimento, crescimento e descobertas, que desabrocha e desenvolve em seu existir. Vida que não para, mas que se ressignifica em cada despertar.
Na infância, quando as crianças começam a tomar consciência da festa de aniversário, envolve uma crescente expectativa: tem a presença dos coleguinhas, o tema, o bolo, os docinhos, os presentes, criando uma certa magia daquele dia especial. Com o passar do tempo, não acabam as festas, mas se pode dizer que elas retomam seu sabor ao despertarmos seus significados. Nas festas de aniversário de 50, 70 e 80 anos, quantas coisas para celebrar, quantas histórias, e normalmente quanta vida compartilhada com tantas pessoas.
Imagine então a festa de aniversário de 180 anos? O bonito no caso é que essa não é a festa de uma pessoa, mas sim, da Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária. Para participar desse aniversário, recordemos a proposta do fundador da obra, Dom Carlos de Forbin-Janson, quando se dirigiu às crianças e deu a elas o compromisso de rezar uma ave-maria por dia e a dar um dinheiro ao mês, iniciando assim, uma corrente de oração e solidariedade que envolveu, primeiro, as crianças da Europa, depois as do mundo inteiro. Aqui está um dos grandes motivos para festejarmos, com muita alegria, os 180 anos de existência da Obra da Santa Infância, hoje conhecida no Brasil como Infância e Adolescência Missionária.
Celebrar o aniversário da IAM é celebrar a vida em sua plenitude, crianças e adolescentes que ajudam crianças e adolescentes. Crianças e adolescentes que rezam por crianças e adolescentes e pelo mundo. Quanta vida doada, dedicada, na comunhão e no compromisso de tornar o mundo mais bonito com o protagonismo de milhões de crianças e adolescentes do mundo inteiro. Nesse protagonismo, Jesus é o maior exemplo a ser seguido pelos membros da Obra. Temos sim, motivos e muita história para comemorar!
É uma festa que carrega muitos e diferentes significados. Envolve muita alegria porque nela se encontram idades diferentes, experiências diversas nascidas pelo desejo de tornar Jesus Cristo conhecido, seguido e amado por todo o mundo, vinculadas pelo compromisso com e entre crianças e adolescentes de todos os lugares, imitando gestos de amor e bondade. Merece ser celebrada com alegria. É com o entusiasmo dos grupos que celebram seus meses de implantação, a cada superação de medos e desafios, a exemplo do primeiro encontro, em que o coordenador conseguiu conduzir como protagonista e o assessor realmente assumiu seu papel de assessor do grupo; ou quando, na primeira experiência de visitas missionárias, o grupo conseguiu pensar, organizar e realizar.
A festa também acontece na comunidade onde é possível saber que uma criança missionária de outrora, hoje é mãe ou pai de filhos e filhas que participam da IAM, ou então, daquele atual coordenador paroquial de pastoral que também foi coordenador de grupo de IAM há 15 ou vinte anos… Também tem aquele presbítero que anima sua comunidade e caminha com o povo de Deus, a despertar o compromisso de cada um com o seu batismo, que um dia foi uma criança ou adolescente da IAM, bem como a religiosa consagrada que está à frente de uma comunidade, nas pastorais ou instituições, que um dia também foi uma criança ou adolescente que viveu em profundidade o carisma da Obra.
Portanto, a festa de aniversário da IAM é uma festa “recheada” de significados! Percebemos claramente que a Obra da Infância e Adolescência Missionária, por seu carisma, fez e continua fazendo história na vida da nossa Igreja, aqui e no mundo inteiro. E sabendo que são muitos os motivos que nos levam a celebrar uma festa, não podemos deixar de fora ninguém. Assim como em toda festa, aqueles que não puderam estar presente no final, sempre terá alguém a lembrar e dizer: leve esse docinho para ele(a)! Certamente a alegria não é igual ao momento, mas receber o agrado do docinho é uma forma de também participar da mesma alegria.
Hoje, as centenas de comunidades têm a alegria de celebrar a festa de aniversário da IAM, a Obra iniciada por Dom Carlos em 19 de maio de 1843, que hoje continua graças ao testemunho de vida de milhares de crianças, adolescentes e assessores, que assumem diariamente o compromisso de ajudar e evangelizar outras crianças e adolescentes, com gestos concretos, de oração, sacrifício e solidariedade.
Faz da celebração dos 180 anos ainda mais significativa, com o compromisso de retomar o carisma da Obra e reassumi-lo com mais ardor, de modo a possibilitar e ajudar àquelas crianças que ainda não tiveram a alegria de conhecer Jesus Cristo, de realmente conhecê-lo, de ser a Obra atenta e perceptiva ao adolescente com dificuldades financeiras, em condições mínimas de sobrevivência e poder acudi-lo, proporcionando-lhe uma vida mais digna.
Outra característica importante da festa é que ela não é feita no silêncio e nem escondida. Ela sempre tem cor, tem música para além dos convidados. Assim também nós da IAM aproveitemos essa festa de aniversário para divulgar nossa linda Obra, e ajudar para que outras comunidades a conheçam e a queiram implantar. E assim, ajudar em sua continuidade, a crescer impulsionada pela alegria desse aniversário, e a transformar muitas vidas de crianças e adolescentes pelo mundo, pois o amor de Deus não tem limites e, com a colaboração de cada um, é possível “tornar Jesus conhecido e amado” em todos os confins do mundo. Como nos diz o Papa Francisco na Alegria do Evangelho: “Se alguém acolheu esse amor que lhe devolve o sentido da vida, como pode conter o desejo de comunicá-lo aos outros”? (cf. EG 8) Seguimos, portanto, conscientes do nosso papel nessa Obra, e da nossa vocação de batizados na Igreja, neste ano vocacional, reconhecendo que a vocação é graça e missão e de que a missão se faz em comunhão, com os corações ardentes e os pés a caminho.
Parabéns IAM, pelos 180 Anos de História que transforma vidas!
* Secretária Nacional da IAM