Por Dom Luiz Fernando Lisboa, sp*
Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe acontecerá de 21 a 28 de novembro de 2021, na cidade do México.
A Conferência de Aparecida (2007) foi a quinta do Episcopado Latino-americano e caribenho, depois das Conferências do Rio de Janeiro (1955), de Medellin (1968), de Puebla (1979) e de Santo Domingo (1992). A temática de Aparecida girou em torno desse grande desafio “discípulos e missionários de Cristo, Caminho, Verdade e Vida, para que nossos povos tenham vida nEle”.
O número 353 do Documento de Aparecida mostra Jesus, modelo e razão de nosso seguimento: “Jesus, o Bom Pastor, quer comunicar-nos a sua vida e colocar-se a serviço da vida. Vemos como ele se aproxima do cego no caminho (cf. Mc 10,46-52), quando dignifica a samaritana (cf. Jo 4,7-26), quando cura os enfermos (cf. Mt 11,2-6), quando alimenta o povo faminto (cf. Mc 6,30-44), quando liberta os endemoninhados (cf. Mc 5,1-20). Em seu Reino de vida, Jesus inclui a todos: come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2,16), sem se importar que o tratem como comilão e bêbado (cf. Mt 11,19); toca com as mãos os leprosos (cf. Lc 5,13), deixa que uma prostituta lhe unja os pés (cf. Lc 7,36-50) e, de noite, recebe Nicodemos para convidá-lo a nascer de novo (cf. Jo 3,1-15). Igualmente, convida seus discípulos à reconciliação (cf. Mt 5,24), ao amor pelos inimigos (cf. Mt 5,44) e a optarem pelos mais pobres (cf. Lc 14,15-24).”
Este é um programa de vida para todo cristão e cristã que deseje seguir Seus passos. Não seguimos doutrinas, mas seguimos uma pessoa concreta que é Jesus de Nazaré, o Cristo. A Igreja é chamada e desafiada a ser discípula missionária de Jesus. Quão difícil e desafiador é colocar este programa em prática! Exige de nós, ser uma pessoa, um grupo, uma comunidade, uma paróquia, uma congregação, uma diocese… em saída!
O Papa Francisco, eleito aos 13 de Março de 2013, foi presidente da Comissão dos redatores de Aparecida. Na época da V Conferência, ele era o Cardeal Bergoglio, de Buenos Aires. Por isso, conhece muito bem tudo o que o Espírito Santo, através dos participantes, trouxe ao subcontinente e ao mundo por meio dessa Conferência.
Nesses oito anos e sete meses de pontificado, Francisco, por seus gestos, iniciativas, visitas, proximidade, provocações, Cartas, Encíclicas e outros documentos, tem desafiado a Igreja a ser “em saída”, acolhedora, pobre para os pobres, samaritana, dialogante, profética. Muito do que foi proposto em Aparecida para a América Latina e Caribe, ele propôs para a Igreja em todo o mundo, basta ler em suas Homilias, Discursos, Cartas e Encíclicas.
Podemos dizer que as nossas cinco Conferências, umas mais e outras menos, traduziram o Concílio Vaticano II para o nosso subcontinente. Porém, o Papa Francisco, de forma corajosa e serena, tem realizado algumas das balizas máximas do Concílio, ou seja, a colegialidade e a sinodalidade para todo o mundo. Colegialidade se refere ao conceito de “comunhão e participação” e Sinodalidade, que provém de Sínodo, quer dizer maior abertura ao diálogo, com ampla e diversificada participação, nas discussões de temas que são importantes para toda a Igreja. O Papa Francisco tem afirmado que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.
O que é que o Papa Francisco quer ensinar com essa afirmação? Se a colegialidade é episcopal, isto é, os bispos unidos ao Papa procuram, juntos, conduzir o rebanho de Cristo que lhes foi confiado, a sinodalidade, por sua vez, não se reduz aos bispos, já que, como afirmou o Papa, ela é “o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”. Por isso, a Igreja não se compõe somente pelos bispos, ou seja, somente na hierarquia, mas é formada por todo o povo de Deus. Todos os batizados são membros efetivos do povo de Deus, com igual dignidade.
As nossas cinco Conferências foram realizadas num espaço entre 11 a 15 anos, entre uma e outra. Quando o Episcopado latino-americano perguntou ao Papa Francisco sobre a viabilidade de realizar a VI Conferência, já que Aparecida completou 14 anos, o Santo Padre propôs a realização da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe. Para quê? Para rever o caminho, aprofundar Aparecida e torná-la mais conhecida e aplicável. Não será uma Conferência de bispos, mas de todo o Povo de Deus: mais aberta, inclusiva, participativa. Está marcada entre os dias 21 e 28 de Novembro de 2021, na cidade do México, com representantes de todos os países (presencial), mas também com centenas de representantes de toda a América Latina e Caribe (online), o que tem ocorrido, com participação de todos e todas a partir de contribuições enviadas.
O Santo Padre, desde o início de seu pontificado, já realizou quatro Sínodos (dois da Família, um da Juventude e outro da Amazônia). O próximo Sínodo, já convocado por ele, será em 2023, mas o seu início, com ampla participação das Dioceses de todo o mundo, começa neste mês de Outubro de 2021. E qual será o tema do Sínodo? – Sinodalidade!
A Missão é de Deus, mas Ele convida a participarmos de Sua missão, convida a sermos missão. Com o Papa Francisco, Avante!
* Bispo de Cachoeiro de Itapemirim (ES)