Por Pe. Genilson Sousa da Silva*
Estamos no mês de julho, mês dedicados aos nossos avós e nossos idosos. Nós que fazemos parte da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF), em sintonia com as Pontifícias Obras Missionárias (POM), e a Igreja Católica no Brasil, com as Dioceses, Paróquias, Comunidades, Grupos, Movimentos e as atividades missionárias, entre elas, a atividades dos Idosos e Enfermos Missionários, estamos em comunhão com o santo padre, o Papa Francisco, na consciência em celebrar a II Jornada Mundial dos Avós e dos Idosos.
A carta do Papa chegou como inspiração do Espírito num contexto ainda das consequências da pandemia e os reflexos da Guerra da Ucrânia e Rússia e tantas situações desumanas em que a vida foi muito abalada e conturbada. Vimos também, que nesse cenário, os mais afetados, atingido pelo vírus foram os nossos idosos, tanto pelas infecções, como pela força do isolamento social. Além da ameaça do vírus, vimos outros vírus entrarem em nossas casas e tirarem o encanto, o entusiasmo, a convivência, a alegria de muitos de nossos idosos em nossas famílias. Além disso, o grande índice do aumento dos preços de alimentos, medicamentos, o custo de vida que trouxe insegurança, medos e incerteza em todo nosso país e em vários lugares do mundo.
No isolamento, vimos também, os grandes espaços sociais, comunitários sendo fechados, entre eles, as nossas Igrejas, lugares de acolhimento, oração, espiritualidade, convivência, abastecimento da fé e espaço de vida fraterna. Por outro lado, vimos o testemunho do aconchego das nossas famílias, com os filhos, em especial, o zelo e atenção aos nossos idosos. Nossas casas se tornaram lugares, de fato, uma igreja doméstica com a presença de todos os membros reunidos e solidários. Mas nem todos tiveram ou encontraram este ambiente saudável e favorável. Muitos não tinham ninguém para o escutar, para ser presença amiga. Outros nem mesmo tiveram a oportunidade para chorar as dores das perdas de tantos amigos e familiares que havia partido. Se uns tiveram um ambiente restaurador, outros pelo contrário, passaram as mais terríveis experiências nos distanciamentos dos amigos e dos familiares.
Eis que nesse contexto desolador o Papa Francisco, sensível com a humanidade e na comunhão com toda Igreja, nos despertou com a criação do dia mundial dos idosos e avós, em 2021. Fez memória de São Joaquim e Santa Ana, nos motivando com a sua mensagem de esperança a todos os idosos do mundo inteiro. O papa em sua mensagem em 2021 trouxe o tema retirado do evangelho de São Mateus (28,20) “estou contigo todos os dias”. Uma mensagem que na solidão ressoou em nossos idosos como um olhar de alegria e de esperança de que ninguém está sozinho, o Senhor está conosco, Ele está junto aos mais sofridos e abandonados, nos hospitais, em suas casas, em nossos lares.
Este ano, o Papa retoma as suas preocupações e com toda a igreja, tem um olhar aos idosos como aqueles que “dão Fruto mesmo na velhice” (Sl 92,15), tema para este ano. Em sua mensagem, o Papa lembra a grande contribuição dos idosos para “a revolução da ternura”. Fala Francisco de “uma revolução espiritual e desarmada da qual vos convido, queridos avós e idosos, a fazer-vos protagonistas”. É num contexto desolador que Francisco convida cada avó e idoso a viver “uma grande responsabilidade: Ensinar às mulheres e aos homens do nosso tempo a contemplar os outros com o mesmo olhar compreensivo e terno que temos para com nossos netos. Aprimoramos a nossa humanidade ao cuidar do próximo e, hoje, podemos ser mestres dum modo de viver pacífico e atentos aos mais frágeis. A nossa atitude poderá, talvez, ser confundida com fraqueza e servilismo, mas os mansos – não os agressivos e prevaricadores- que herdarão a terra (Mt 5,5)”.
Nesse olhar alargado, que desejamos a todas as comunidades, todo o povo de Deus a despertar a consciência, atenção e a missão dos nossos idosos. Eles têm muito ainda a nos ensinar. E para bem celebrar e vivenciar esse mês o dicastério para os Leigos, a Família e a Vida apontam duas modalidades concretas para viver o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: celebrar em cada paróquia uma missa dedicada aos idosos e ir ao encontro dos que não costumam receber visitas. Na sintonia com a mensagem do Papa “a visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo”.
A todos os idosos e avós, o Papa pede a dar frutos e a viverem de forma particular a dimensão da oração. Diz ele que é “o instrumento mais precioso e apropriado que temos para a nossa idade”. Uma “imploração confiante pode fazer muito: é capaz de acompanhar o grito de dor de quem sofre e pode contribuir para mudar os corações”.
Que cada família ajude nessa dimensão orante, principalmente, a despertar essa oração por todos os missionários e missionarias no mundo inteiro, as comunidades em conflitos, em guerras e pela paz no mundo. Mesmo aqueles que com suas dores, sofrimentos estejam unidos ao coração de Jesus, que é manso e humilde. Que no alpendre ou na sala, debaixo de um pé de manga ou cajueiro, na aldeia ou na Igreja, no hospital ou à beira do fogão, pousamos partilhar e escutar mais as belas experiências de cada avó, juntos aos filhos, netos, bisnetos, ensinar e aprender a grande “revolução da ternura”. Mesmo na velhice darão frutos, de misericórdia, amor, sonhos, vida, coragem, ternura, oração e vida fraterna. “Na alegria ou na dor serviremos ao Senhor”.
* Secretário nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé