Por Pe. Jaime Luiz Gusberti
Elevamos a Deus nosso agradecimento pelos 40 anos das Pontifícias Obras Missionárias. O caminho percorrido das POM é sinodal e de profunda comunhão, interligando todas as forças vivas das Igrejas particulares e dos conselhos missionários em diferentes âmbitos, COMIREs, COMIDIs e COMIPAs.
Sinodalidade e Comunhão, duas palavras carregadas de relevantes significados. Por mais que quiséssemos aprofundar, não esgotamos a riqueza que cada uma traz em seu conteúdo.
O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem assumido esse modo de exercer sua autoridade. O caminho sinodal vem rejuvenescendo toda a ação evangelizadora da Igreja. No Brasil, o 4º Congresso Missionário Nacional, realizado na Arquidiocese de Recife em 2017, dedicou o capítulo segundo do texto-base ao estudo da Sinodalidade e Comunhão.
De acordo com o seu sentido etimológico, o termo grego “sínodo” significa “caminhar juntos”. A sinodalidade expressa a participação e a comunhão em vista da missão. Pertence à própria natureza da Igreja. O papa Francisco, no entanto, alerta-nos de que o conceito de sínodo é “fácil de exprimir em palavras, mas não de ser colocado em prática”. Para tanto, é fundamental retomar à eclesiologia do Concílio Vaticano II que nos apresenta a Igreja como “mistério”, sinal e instrumento de comunhão, como “Povo de Deus”.
No sentido etimológico, segundo o teólogo Hans Urs Von Baltasar, a palavra comunhão pode ter dois sentidos com seus respectivos significados e consequências: a) Cum-munio significa defender-se juntos (vivência defensiva, com notáveis consequências negativas e de tensões nas relações internas e externas na conivência cotidiana); b) Cum-munus tem o sentido de pôr, juntos, os próprios dons e qualidades (leva a um modelo relacional que se inspira na confiança, na estima pela outra pessoa e não no medo, na competência, no desejo de caminhar juntos, na busca da verdade na liberdade, no reconhecimento da autonomia e na abertura à alteridade).
Uma Igreja onde todos são chamados a “caminhar juntos”, é de fundamental importância valorizar a escuta e o diálogo em todos os momentos. Em pleno Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI afirmou que “a Igreja se faz diálogo”, enfatizando a atitude de escuta. O Papa Francisco retoma esse caminho da “escuta” como exigência fundamental para a sinodalidade: “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, ciente de que escutar é mais do que ouvir. É uma escuta recíproca, onde cada um tem algo a aprender, povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo”.
Para compartilhar a alegria do Evangelho e fazer discípulos, somos chamados a “caminhar juntos”, convivendo fraternalmente, trabalhando, dialogando, servindo e revalorizando a dimensão comunitária da missão a ser assumida como Igreja, na Igreja e com a Igreja.
Um texto que nos ajuda a entender a pedagogia de Jesus no campo da sinodalidade encontra-se no Evangelho de Lucas 24,13-35, sobre os discípulos de Emaús, quando Jesus se aproxima e caminha junto a dois discípulos desanimados por verem suas esperanças desaparecerem. Sínodo é “Caminhar juntos” – Jesus caminhou junto com os dois. Exemplo do quanto é fundamental colocar-se um ao lado do outro na ação evangelizadora, escutando e dialogando.
Parabéns a todos quantos vivem sua missão junto às Pontifícias Obras Missionários. Que o Espírito Santo de Deus continue iluminando a todos no caminho da sinodalidade e comunhão.
* Secretário Executivo do Centro Cultural Missionário