A fome afetou 47,7 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe em 2019, aponta o relatório “Estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2020 (SOFI)”, publicado nesta segunda-feira (13).
Este é o quinto ano consecutivo de aumento da fome e se estima que as projeções podem ser ainda piores quando forem contabilizados os efeitos da pandemia da COVID-19 na segurança alimentar.
O relatório, desenvolvido por Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Organização Mundial da Saúde (OMS), Programa Mundial de Alimentos (WFP) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), adverte que a região não alcançará o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2: fome zero e agricultura sustentável.
A fome na América Latina e no Caribe afetou 47,7 milhões de pessoas em 2019, aponta o relatório “Estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2020 (SOFI)” publicado hoje (13).
Este é o quinto ano consecutivo de aumento da fome e estima-se que as projeções podem ser ainda piores quando forem contabilizados os efeitos da pandemia da COVID-19 na segurança alimentar.
O relatório foi desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O estudo alerta que a região não alcançará o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 da Agenda 2030, referente à fome zero, até 2030. As projeções do SOFI indicam que a fome, considerada a partir de uma estimativa do número de pessoas que não consomem calorias suficientes para viver uma vida ativa e saudável, afetará quase 67 milhões de pessoas em 2030, ou seja, cerca de 20 milhões a mais do que em 2019.
Essas projeções não consideram o impacto da COVID-19, portanto, estima-se que o problema da fome será ainda mais urgente quando forem contabilizados os efeitos da pandemia na segurança alimentar. “Estamos pior agora do que quando a região se comprometeu com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2015. Desde então, outras 9 milhões de pessoas começaram a passar fome”, disse o representante regional da FAO, Julio Berdegué. Em termos percentuais, a fome atualmente afeta 7,4% da população e deve aumentar para 9,5% até 2030.
A nível sub-regional, projeta-se que a fome aumente 3 pontos percentuais na América Central até 2030, o equivalente a 7,9 milhões de pessoas. Na América do Sul, a projeção é que a fome aumente para 7,7%, o que equivale a quase 36 milhões de pessoas. Embora o Caribe tenha feito progressos, também não está no caminho de cumprir a meta dos ODS de redução da fome até 2030: estima-se que até 2030, 6,6 milhões de pessoas viverão com fome nessa região.
“Os números da fome em 2019 são assustadores, assim como a previsão para o ano de 2030. Com o impacto da pandemia da COVID-19, a realidade será pior do que projetamos neste estudo. Precisamos de uma resposta extraordinária dos governos, do setor privado, da sociedade civil e das organizações multilaterais”, disse o representante regional da FAO, instando os países e todos os setores a tomar medidas em larga escala para combater a fome crescente, a insegurança alimentar, pobreza e desnutrição.
O alto custo de uma dieta saudável
O SOFI também alerta para o aumento da obesidade, que constitui um grave problema de saúde, pois aumenta o risco de doenças não transmissíveis, tanto em crianças quanto em adultos. Estima-se que 7,5% das crianças menores de 5 anos na região estão acima do peso, consideravelmente acima da média mundial de 5,6%.
Um fator particularmente preocupante é que, entre todas as regiões do mundo, a América Latina e o Caribe têm o custo mais alto de compra para uma dieta que atenda às necessidades energéticas mínimas: US$ 1,06 ao dia por pessoa. Esse valor é 34% mais caro que a média global.
Na região, o custo de uma dieta saudável (que fornece todos os nutrientes e energia essenciais que cada pessoa precisa para se manter saudável) também é o mais alto do mundo, com um valor médio de US$ 3,98 ao dia por pessoa. Esse valor é 3,3 vezes mais alto do que uma pessoa abaixo da linha da pobreza pode gastar em alimentos. Com base na renda média estimada, mais de 104 milhões de pessoas não podem pagar uma dieta saudável.
A insegurança alimentar afeta um terço da população
Embora a África seja a região onde os níveis mais altos de insegurança alimentar total são observados, é na América Latina e no Caribe que a insegurança alimentar está aumentando mais rapidamente: cresceu de 22,9% em 2014 para 31,7% em 2019, devido a um aumento acentuado na América do Sul.
Estima-se que 9% da população regional sofre de grave insegurança alimentar, o que significa que as pessoas ficam sem comida e, na pior das hipóteses, passam um dia ou vários dias sem comer.
Da mesma forma, quase um terço dos habitantes da região – 205 milhões de pessoas – vive em condições de insegurança alimentar moderada, o que ocorre quando as pessoas enfrentam incerteza em sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos que consomem.
Progresso nas metas nutricionais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
De acordo com o SOFI, a América Latina e o Caribe estarão muito perto de atingir as metas de redução do déficit estatural de crianças dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, atrasando apenas um ano. No entanto, nota-se que a prevalência de déficit estatural de meninas e meninos que vivem nos domicílios mais pobres é aproximadamente três vezes maior em comparação com aqueles que vivem nos domicílios mais ricos.
A América Latina e o Caribe são a única região em desenvolvimento com uma prevalência de emaciação (meninos e meninas com peso abaixo do recomendado para sua altura) abaixo dos objetivos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: 1,3%.
Fonte: ONU