Pauline Jaricot e suas amizades

Por Pe. Genilson Sousa*

A jovem de Lion era cheia de sonhos e projetos de vida. Sua história demonstra ser uma jovem de bons relacionamentos com as pessoas e com Deus. De fato, organizar uma Obra de apoio aos trabalhos missionárias na China, depois nas Américas, revela que Pauline nunca foi uma pessoa de atuar sozinha. Mas sim, uma pessoa que sabia conversar, dialogar, liderar, escutar, silenciar, chorar, sonhar e buscar forças e luz em Deus e em seus amigos. Entre os seus amigos mais importantes, destacamos três que foram determinantes em sua vida: Jesus e os pobres, seu irmão Phileas e São João Maria Vianney.

“Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer” ( Jo 15,15). É da alegria do encontro com Deus, da experiência de fé, que se encontra o caminho da liberdade interior. Da sua intimidade com Deus na pessoa de Jesus Cristo, o amigo verdadeiro, quis viver um estilo de vida assim como ser seu modelo fiel. Começa a viver de maneira mais simples e humilde frente ao luxo que antes vivia. “(…) as roupas de seda coloridas deram lugar a um vestido roxo de saco, e substitui seus sapatos por sandálias de couro” (Giocovelli, 2005, p.64, apud DIARRA, 2022, p.13). A jovem recomenda para que ninguém venha a se preocupar com ela, pois sua amizade e entrega a Jesus lhe dera uma nova maneira de compreender a vida e as amizades.

Na espiritualidade e no estilo de vida de Jesus Cristo, rompe com a riqueza, com o espírito de grandeza e poder social. Na verdadeira amizade a Jesus, faz vender tudo e dar aos pobres. Na sua amizade com Jesus descobre quem são os verdadeiros amigos: os pobres. Nasce em Pauline um Objetivo de vida: “fazer amigos entre os pobres” (DIARRA, 2022, p.13). Os pobres, dessa maneira, são os seus prediletos. Eles são a presença de Jesus no mundo.

Uma amizade profunda que contribui na vida da jovem Pauline é sua atenção e relação amorosa com seu irmão Phileas. Ele era um Jovem que havia despertado a vocação junto aos padres das Missões estrangeiras. Ainda como seminarista trocava cartas missionárias e de sincera amizade com sua irmã. Eles se sentiam atraídos por causas comuns: a vida feita uma missão em prol dos mais carentes. Percebemos serem dois irmãos de grande sensibilidade evangélica com as classes mais pobres. Ambos despertaram a paixão pela missão. Graças a Phileas, Pauline desenvolve a Obra da Propagação da fé no espírito de Solidariedade, Oração e Missão.

Ao retornar para a França, Phileas, ainda mais, vai testemunhar sua vida doada aos pobres em Lion (DIARRA,2022, p.16). Nessa mística de solidariedade com os mais pequeninos que os dois irmãos vivem um verdadeiro testemunho no seguimento a Jesus. Eis o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei… “Vós sereis meus amigos se praticardes o que vos mando” (Jo 15,12-14). Os dois irmãos, quando pequenos, receberam uma benção do Papa Pio VII (DIARRA, 2022, p. 17) e, ao cresceram, dedicaram suas vidas à missão, cada um à sua maneira. As boas relações como irmãos revelavam serem grandes amigos. Aquela amizade de sempre contar com o outro, nas alegrias e nas dores. Uma amizade entre dois irmãos a ser compreendida no que expressa a música de Renato Teixeira: “Os verdadeiros amigos do peito, de fé, os melhores amigos não trazem dentro da boca palavras fingidas ou falsas histórias, sabem entender o silêncio…”

É na amizade sincera que se desenvolve o carinho, o respeito e cuidados. Como existiu na amizade entre Pauline e Santo Cura de Ars, São João Maria Vianney, o qual conhece a Família de Pauline desde Lion. Quando ele vai para Ars, não perde o vínculo, nem a amizade com Pauline. Nessa proximidade, não só Pauline aprende com orientações espirituais do seu amigo e diretor espiritual, mas o próprio padre aprende com a leiga Pauline. Ambos trocavam suas experiências espirituais. Ela era uma grande devota da mártir Santa Filomena, ele, gostava muito da espiritualidade dos primeiros mártires cristãos. Nessa amizade autêntica e recíproca, Pauline visita seu diretor espiritual e amigo. Estando muito doente, Pauline sentia muito frio e o amigo, com dificuldade, preparava o fogo para aquecê-la. Na ocasião, ela precisava ser aquecida mais ainda da fé e da esperança no encontro com seu grande amigo. Ali foi a última conversa dos dois amigos, em 1859.

A amizade verdadeira com Deus nos chama a estar sempre com Ele, em sua presença, em podemos descobrir, nos pobres, nos humildes, seu rosto amigo, próximo e fraterno. Que o testemunho de amizade sincera de Pauline nos faça reconhecer, em nossas vidas, tantos amigos e amigas que caminham ao nosso lado, na vida pessoal e na vida missionária. Que possamos entender que o Missionário e a missionária são os amigos de Deus no coração dos povos e das culturas. São os amigos do ressuscitados em “todos os confins do mundo” (At 1,8). De fato, Nunca estamos sozinhos, o amigo Jesus está sempre ao nosso lado (Mt 28,20) no encontro com o irmão, com cada amigo missionário.

* Secretário Pontifícia Obra da Propagação da Fé

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