Por Pe. Djalma Antonio da Silva*
Quando eu li pela primeira vez a versão em francês do livro: “Conheça mais um pouco Pauline Marie Jaricot”, admirei-me com o seu processo de conversão, a sua total entrega nas mãos de Deus, o seu amor à Igreja e o seu assumir na entrega até as últimas consequências.
De família nobre, Pauline descobriu ainda jovem que, ser missionária, a exemplo de Jesus Cristo, Missionário do Pai, é colocar-se a serviço dos mais necessitados na Evangelização e na prática da caridade. Fiel ao Santo Evangelho e à Igreja, ela dedica toda sua vida para que Jesus seja conhecido e amado por todas as pessoas. Para a realização desse ideal, ela dá os primeiros passos para a Obra da Propagação da Fé. A esse respeito, Monsenhor Villecourt, bispo de La Rochelle confessor de Pauline desde os 17 anos, escreve numa carta muito elogiosa, qual o papel de Pauline na Propagação da Fé: “a piedosa fundadora que, depois de ter traçado o plano e os fundamentos desta obra, deixou a glória a outros, e quis apenas o esquecimento, o recolhimento e o silêncio para si própria.
A dedicação de Pauline pelas missões e pelos mais necessitados, com os objetivos cristãos, não agradou a todos. Não faltou incompreensão e perseguição. Quanto mais ela perseverava no seguimento a Jesus, mais aumentava a perseguição. A sua vida foi um longo martírio, porém, ela não perdeu a esperança e a confiança na misericórdia de Deus. Tudo o que possuía doou aos pobres. No final da vida não sobrou nada dos bens que possuía, a não ser a misericórdia de Deus que nunca falha. Como escreveu Pierre Diarra: “Pauline passou por várias dificuldades, as quais enfrentou nos últimos anos de sua vida como uma verdadeira ‘mártir do coração’, para usar sua própria expressão. “Por sua vez, Mariae Dubouis, fiel amiga de Pauline, assim escreveu: ‘A 26 de fevereiro de 1853, registrou-se como indigente de caridade do distrito de Saint-Just”.
Ao final de sua vida, Pauline passou por momentos difíceis, mas abandonou-se no amor de Jesus, Aquele a quem ela tanto amava com absoluta confiança. Ela compreendeu muito bem o que diz o apostolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
Uma das virtudes dos santos e santas é o perdão, a simplicidade e a resiliência. No final de sua vida, apesar da indigência e da dor, Pauline conseguiu tudo superar graças à fé e ao amor que tinha a Deus. Foi uma vida marcada pela cruz e pela esperança. Faleceu no dia 9 de janeiro de 1862 numa total doação de si mesma a Deus, à Igreja e às missões. O sofrimento aceito e voltado ao serviço dos irmãos é redentor e se transforma em instrumento indispensável do amor. É o grão de trigo que cai na terra e deve morrer para produzir muitos frutos (Jo 12,23-24). É como escreve Santo Afonso de Ligório: “Quando uma alma goza da presença amorosa de Deus, todas as dores, os desprezos e os maus tratos, em vez de afligirem, consolam, pois são motivos para oferecer a Deus alguma prova de seu amor.”
Pauline é para nós um exemplo de missionária. Sabia que, na missão de fazer com que Jesus fosse conhecido e amado, ela não estava sozinha. Por isso suportou o sofrimento tendo a plena certeza de que Jesus estava com ela. Que a exemplo de Pauline Marie Jericot, nós também saibamos superar os obstáculos e, como nos lembra o Papa Francisco na Evangelii Gaudium (1), possamos proclamar: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.”
* Diretor do Centro Cultural Missionário (CCM)