Rio Grande do Sul e Moçambique: tempo de celebrar a missão

Por Victória Holzbach*

“Para tudo há um momento, e um tempo certo para cada coisa debaixo do céu” Ecl 3,1

SIM (3)No tempo para rir e colher, comemoramos os 25 anos da missão do Regional Sul 3 na Arquidiocese de Nampula, em Moçambique. O tempo foi generoso a todos nós pelos ensinamentos e pela partilha e, hoje, permite olharmos para trás e reconhecermos, com alegria, o caminho trilhado.

A Igreja que acreditamos é viva, atenta e preocupada com a realidade do seu povo, especialmente com aqueles que mais sofrem. Por isso, este tempo é cimento na construção de uma Igreja erguida e fortalecida por inúmeras mãos, brasileiras e moçambicanas.

Desde o seu nascimento, a missão em Moçambique tem um olhar voltado à realidade da população local e a sua relação com a cultura macua. A atuação dos mais de 60 missionários enviados a Moçambique, nestas décadas, sempre se preocupou em estar inserida na vida do povo, a partir da sua cultura e seus costumes, buscando aprender a língua, compreender a organização social e comunitária e valorizar as lideranças locais.

Padre Domingos Rodrigues, da Diocese de Bagé e integrante da equipe missionária de Moma de 2016 a 2019, declara: “fazer parte dessa história é sentir a alegria de ser um simples servo na vinha do Senhor, em 25 anos de muitos semeadores e muitas colheitas”.

Equipe Missionária Atual com Dom Jaime Pedro KholO povo macua e a missão hoje
O tempo, que hoje nos permite celebrar esses 25 anos, fez-nos perceber rostos de superação, alegria, fé e vida em Moçambique. Histórias marcadas por guerras, a da independência e a civil, muito recentes e frescas na memória.

Nesse caminho de parceria do Rio Grande do Sul e Arquidiocese de Nampula, os missionários desenvolveram muitas ações, sempre atentas ao contexto social da população e suas necessidades mais urgentes: pela falta de água, vem a construção de cisternas para coleta de água da chuva; com a raridade do emprego formal e de renda, tem a constituição de associações; diante da precariedade dos direitos básicos, como saúde e educação, há o desenvolvimento de projetos de saúde alternativa, como produção de medicamentos, constituição de uma farmácia natural e consolidação de projetos de acesso à educação e reforço escolar para crianças, jovens e adultos.

Atualmente a equipe missionária – constituída de dois padres e duas leigas – acompanha duas paróquias que contemplam 150 comunidades, e, ainda, desenvolve projetos na área da educação. Atualmente, cerca de 200 alunos passam, diariamente, pela Biblioteca Watana e 60 crianças e adolescentes recebem reforço escolar no projeto Murima Wa Mwana (Coração de Criança, na língua macua).

O tempo de experiência que tive na missão, de setembro de 2016 a julho deste ano, foi o mesmo tempo que me ensinou a como perceber, na companhia do povo macua, o dom de transformar a angústia em esperança ao sentar à sombra de cajueiros e mangueiras, caminhar em suas trilhas e partilhar seus alimentos. Nessa reciprocidade, a vida acontece plena no amor espontâneo, solidário e gratuito. No encontro com o outro me reconheço, me formo, me somo e me completo.

O amor à missão é sempre comprometedor. Ousemos amar!

* Missionária em Moçambique de 2016 a 2019

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