O Seminário Maior Regional Maria Mãe da Igreja (SEMMAI) realizou uma tarde missionária, no dia 17 de outubro, onde foram visitados seis dos presídios de Campo Grande. A iniciativa tem por objetivo aprofundar a experiência missionária do Regional Oeste I, seguindo o preceito evangélico, de estar com os excluídos e marginalizados.
Nesta experiência, inédita para a maioria dos seminaristas, que deixaram sua realidade, mesmo inseguros, para visitar os presídios, atendendo ainda o pedido do Papa Francisco, que se estende para todos, de vivenciar o sofrimento e a solidão: “[…] Estejam nas periferias das dioceses e em todas as ‘periferias existenciais’ onde há sofrimento, solidão e degrado humano”.
Enxergar Cristo no detento nem sempre é fácil, mas ninguém pode se esquecer de que o preso também é criação divina e que igualmente goza de inviolável dignidade, e por isso, não deve ser esquecido e desprezado. “Vale recordar que na perspectiva cristã Jesus sofreu uma pena da parte dos romanos. Ele foi julgado por ser um subversivo ao sistema político dominante da época. Para os judeus, Ele foi acusado de se dizer filho de Deus. Então Jesus pagou uma pena. Ele também disse “Eu estive preso e vós viestes me visitar, eu estive preso e vós não me visitastes” (Mt 25, 35-43).
A realidade é diferente da que comumente se imagina, pois a Pastoral Carcerária e o Seminário não foram levar Jesus aos irmãos e irmãs que se encontram encarcerados, mas, pelo contrário, é Ele (o próprio Jesus) que nos recepciona por meio dos homens e mulheres que ali estão, principalmente aqueles que foram abandonados pelos seus familiares, abandonados pelos amigos e às vezes até mesmo pelos próprios companheiros da ação delituosa. O fato é que, como Igreja nós prestamos um serviço de assistência religiosa na promoção do Evangelho, bem como, na defesa e promoção do direito a dignidade humana. O preso está privado da liberdade, mas os seus direitos fundamentais estão amparados em lei. Então esta é a missão da pastoral carcerária, ser uma presença alegre, otimista e acolhedora da Igreja e ao mesmo tempo zelar para que o preso tenha condições dignas de cumprir a sua pena”, afirmou o padre Alex Messias, responsável pela pastoral carcerária da Arquidiocese.
Durante o dia, seminaristas, padres formadores e agentes da Pastoral, puderam conversar e compartilhar com os detentos, bem como fazer momentos de espiritualidade e partilha da Palavra. Imbuídos pela alegria e pelo amor de Deus que os move, tocaram e cantaram durante as visitas. A respeito da visita “o que posso dizer é que foi uma experiência única de encontro com o Cristo presente no irmão. Estar no presídio, neste local de sofrimento, é como presenciar o calvário e contemplar Jesus sofredor no irmão, cuja dignidade de filho de Deus foi desfigurada pelo pecado e pelos erros cometidos pelos detentos durante toda sua vida. Vejo que a Igreja se apresenta nestes locais de sofrimento como mãe, que deve acolher e, principalmente, ensinar a estes homens o caminho que leva a ressurreição. Estar nestes locais de sofrimento é ser parte do rosto misericordioso da Igreja e, mais do que isso, aprender a amar Nosso Senhor Jesus Cristo que sofre dolorosas feridas em nossos irmãos encarcerados”, partilhou o seminarista Ronaldo de Oliveira Corim.
Felizes pela missão, os seminaristas retornaram ao seminário com a experiência de estar entre aqueles que sofrem e que precisam ser ouvidos. Com o coração alegre pela presença de Deus através da vida de cada um deles, e fortalecidos para a caminhada que fazem rumo ao sacerdócio, sentindo desde então aquilo que o próprio Jesus pede a cada um. Sendo assim, o convite é estendido para todos aqueles que desejam estar mais perto dos esquecidos e ajudar da sua maneira, seja atuando na pastoral carcerária ou pelas orações que fazem por aqueles que desempenham este trabalho e aos futuros padres da Igreja.