Testemunho | O verdadeiro protagonista da missão

Por Radames Guarienti – Seminarista da Diocese de Barra do Garças (MT)

Após mais uma experiência missionária, a qual ocorreu de 20/01 a 02/02 na Diocese de Barra do Garças – MT com a presença dos seminaristas diocesanos de Santo André-SP, pude ter o vislumbre de outro ângulo dos efeitos do “Ide”, uma vez que não fui eu o enviado a outras terras, mas recebi os missionários em minha Igreja local. E de forma privilegiada comprovei que o Protagonista da Missão é o Espírito Santo e que ele se serve da singularidade de cada um para fazer Sua Obra. Mas que também a Missão traz questionamentos à Igreja que a recebe, visto que ao caminhar tantos dias com irmãos diferentes e com dons próprios vi Deus agir neles e por meio deles de modos inesperados.

Um primeiro ponto, foi que tantas pessoas que passavam batido a meus olhos em minha Diocese, foram vistas e alcançadas por eles. O que me levou a um exame de consciência e sim, quanta indiferença àqueles que sempre estiveram por aqui e que nunca reparei. Também vi corações por mim já conhecidos serem atingidos de forma intensa pelos outros missionários, de modos que eu não conseguiria. E ainda fiz memória de tantos missionários que apareceram de forma inesperada e foram sinais eficazes da Graça Divina, chegando lá onde os que me cercavam não enxergavam.

E aqui entra o Mistério da Comunhão, pois não há competição por resultados, não há concorrência e nem nivelamento pelo igualitarismo invejoso, afinal o objetivo é o mesmo: alcançar vidas para Ele e com Ele. Por isso, louvei a Deus por haver tantos melhores que eu, com talentos que não possuo, mas que na Comunhão me pertencem. Também nesse santo convívio pude entender melhor meus dons, reconhecendo nos olhos dos meus irmãos as maravilhas que Deus fez em mim e por mim: não preciso invejar ninguém, basta-me ser quem sou. Portanto, os frutos dessa Missão surpreenderam e acolho as provocações que o Espírito fez: não me acomodar, me desinstalar, me arriscar Nele.

Me assombrei ao perceber que não se tratam de ruas e casas a visitar, mas sim de vidas imortais que podem ter sua trajetória radicalmente mudadas por um simples encontro com missionários. Portanto, há muito abandono, sofrimento, luto, dor e desesperança para levar o Amor de Deus, logo, não percamos tempo querendo ser quem não somos e nem apagando as luzes dos irmãos que brilham diferentes das nossas.

Obrigado à Diocese de Santo André e à minha de Barra do Garças, na pessoa de seus bispos Dom Pedro Cipollini e Dom Paulo Renato, padres, diáconos e seminaristas missionários, pois termino mais essa ação missionária mais satisfeito com meu próprio ser, mas ciente de que não me basto: preciso dos outros para anunciar o Amor que se doa e essa foi para mim talvez, a maior aula de eclesiologia que recebi.

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