Desde pequena participo da Infância e Adolescência Missionária em minha paróquia, São José Operário. Por ser a IAM uma Obra universal, que desperta o protagonismo e a urgência da missão, cresci com o desejo de sair de minha comunidade e atuar em lugares onde minha vida poderia estar a serviço dos que mais precisam.
Foi então que, em 2016, a Pontifícia Obra da Propagação da Fé, na qual está inserida a Juventude Missionária, promoveu a I Missão Sem Fronteiras, em Ananindeua (PA). Assim que soube do convite, conversei com a coordenadora estadual da IAM para que eu pudesse ser a representante de Santa Catarina, já que eram disponibilizadas duas vagas por estado, uma para a JM e outra para a IAM. Enfim, o desejo de sair além-fronteiras seria realizado. Como primeira missão, tudo era novo e encantador. As pessoas que encontrei, o estilo de vida apresentado pela JM nos dias de formação, as visitas nas casas e a realidade local, tão diferente da que estou inserida. Foi um verdadeiro “sair de si” como fala Dom Helder Câmara. As oficinas e os encontros na Comunidade São Marcos mostraram a força e a esperança de um povo que luta, ama e caminha na presença de Deus, mesmo entre tanta violência e precária assistência social por parte dos órgãos públicos.
Já em 2017, a experiência missionária foi na Missão de Verão, promovida pelas Pontifícias Obras Missionárias do Paraguai, na cidade de Atyrá. Lá, vivi um verdadeiro Pentecostes. Existiam línguas diferentes (muitos falam o Guarani além do Espanhol), mas ao conversarmos sobre a Palavra de Deus e do amor que Ele sente por nós, permanecíamos em perfeita sintonia. As duas comunidades que visitei, com a missionária Íris e as crianças da região, estavam desanimadas, com poucos encontros nas capelas. Durante a semana, juntamente com as lideranças, pudemos promover orações, reflexões e celebrações que motivaram as pessoas a fortalecer a fé e a união. Foram bonitos momentos de perdão e protagonismo tanto por parte nossa, missionária, como também dos agentes de pastoral que, embora sem a presença sacerdotal, celebravam a vida e as maravilhas de Deus.
Ano passado, novamente participei da experiência de missão do Brasil, a III Missão Sem Fronteiras, em Viamão (RS). Ali há uma cultura específica, um jeito de ser, viver e conviver. O mais marcante nessa missão foi a acolhida que tivemos. Junto com o seminarista Miguel e a missionária paulista Lhauany, fiquei em uma casa onde vivia a avó com a filha e quatro netos. O abrir de portas dessa família mostrou-me que sempre há espaço e tempo para Deus, independente das condições que temos. A realidade que encontramos em Viamão foi de pessoas que vivem a espiritualidade em diferentes religiões, o que nos fez entender que o Amor, tal como Jesus ensinou, deve ser o mandamento a predominar nosso falar e agir. Não saímos à procura de mais cristãos, saímos à procura de quem quer amar para, assim, sermos reconhecidos como amigos d’Ele (Jo 13, 35).
Por fim, chegamos em 2019 com a IV Missão Sem Fronteiras, realizada em Contagem (MG). Entre tantas vivências e aprendizados, marcou-me muito a realidade jovem do local. Em momentos de conversa, percebemos a carência de oportunidades de emprego e estudos, o que leva adolescentes e jovens a entrar no mundo das drogas e prostituição. Por outro lado, o ânimo e a alegria da missão estiveram presentes em todos os dias, nos encontros, nas visitas e convivências. Fomos também abraçados pela comunidade comboniana que nos mostraram o amor que têm ao colocar a sua vida a serviço dos irmãos, apesar das dificuldades. Por várias vezes, tanto os sacerdotes como os leigos combonianos recordavam a frase do fundador, Daniel Comboni: “As obras de Deus nascem e crescem aos pés da cruz”.
Agora, preparo-me para participar do Projeto Igrejas Solidárias, da CNBB – Regional Sul 3, que corresponde ao estado do Rio Grande do Sul. Serão três anos de missão em Moçambique. Foi por meio da participação na IAM e JM, bem como das experiências além-fronteiras, que pude confirmar meu estilo de vida e perceber que minha experiência pessoal com Jesus Ressuscitado acontece no encontro com as pessoas, com o pé no chão e o coração cheio de ardor missionário. “Jovens Missionários, Sempre Solidários!”