Por Paulo César Cerutti e Rosângela Natalina Ojeda Cerutti*
A Igreja é missionária na sua essência e nós, como membros dessa igreja, através do batismo, tornamo-nos também missionários. Porém, precisávamos vivenciar com mais intensidade esse “ser missionário” e, para tanto, fez-se necessário, não apenas reconhecer tal chamado, mas, tomar a atitude de ir além dos limites geográficos de nossas realidades cotidianas. Nossa viagem missionária foi sonhada e planejada por muito tempo, com a colaboração e consentimento de Dom Vital Chitolina – Bispo da Diocese de Diamantino (MT), Pe. André L. Marana, Pároco na Paróquia Nossa Senhora da Rosa Mística de Lucas do Rio Verde, (bispo e pároco de nossa comunidade) e Dom Marcos Piatek, Bispo da diocese de Coari (AM), bem como o COMIPA (Conselho Missionário Paroquial) e os GAMS (Grupos de animação missionária) da nossa paróquia, de onde brotou nosso desejo de avançar para águas mais profundas. Assim, pudemos concretizar a tão sonhada experiência missionária. Chegamos em Coari junto com a pandemia, sem ter noção da gravidade e restrições que essa doença provocaria. E, talvez seja por isso que se chama “experiência missionária”, sonha-se com a missão, mas nunca se tem a certeza de como realmente a vivenciará, qual a realidade que de fato nos depararíamos.
O Espírito Santo sopra onde e como quer, e o missionário precisa estar aberto à escuta, assim, com as restrições da pandemia, não pudemos atuar junto às pastorais e outros serviços fins da evangelização, ou seja, não trabalhamos no que imaginávamos, pois, a necessidade naquele momento era outra, havia certa quantidade/necessidade de trabalho a ser realizado na área jurídico/administrativa, onde nos propusemos a colaborar. Por isso o missionário que se coloca à disposição, precisa estar aberto, disponível e sensível aos anseios daquela realidade onde foi chamado e ao sopro do Espírito.
A motivação dessa experiência missionária, distante três mil quilômetros de casa, além de uma viagem de nove horas de lancha a jato ou vinte horas de barco pelo Rio Solimões até o coração do Amazonas, se deu pelo desejo de conhecer outras realidades de nossa Igreja no Brasil, estar inserido, convivendo no dia a dia nas mais diversas realidades e adversidades, sentir o que o outro sente.
E, mesmo diante das restrições de visitas para conhecer toda a realidade local, devido à pandemia, com os relatos de Dom Marcos, dos padres e outras pessoas que tivemos a oportunidade de conviver, pudemos vivenciar um pouco as necessidade e anseios dessa gente e sua realidade, aos quais tem muito a nos ensinar, recebemos mais do que pensávamos oferecer, seja através da acolhida, da receptividade, fé, esperança e no amor à Deus e ao próximo.
Não obstante, apesar das necessidades de toda ordem que vivenciamos, precisamos estar cientes que a vida é missão e nasce sempre em nosso lar, nossa comunidade e nossa paróquia, por vezes, mais necessária e urgente que a missão além-fronteiras. Podemos resumir nosso relato em duas passagens bíblicas: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21) e, … “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16).
* Missionários leigos, enviados pela Diocese de Diamantino – Mato Grosso, à Diocese de Coari, no Amazonas.