por Geraldo Martins
O compromisso da Igreja no Brasil com a missão e a crise vivida pelo Brasil foram destaque nos discursos de abertura do 4º Congresso Missionário Nacional, na noite desta quinta-feira, 7, no Teatro Madre Chantal, do Colégio Damas, no bairro das Graças, em Recife (PE).
“Esse Congresso pode ser uma injeção de ânimo e unidade para a Igreja do Brasil”, disse o arcebispo de Olinda e Recife, dom Antônio Fernando Saburido. Ele lembrou o “momento grave da história do Brasil e do mundo”, numa referência à crise pela qual passa o país. “Por mais que estejamos vivendo tempos difíceis no Brasil e no mundo, no campo político e social, temos que testemunhar que esse mundo tem que ser transformado”, disse.
Para o diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) e presidente executivo do Congresso, padre Maurício da Silva Jardim, o Congresso não pode ignorar a grave crise vivida pelo Brasil no momento atual. “É preciso ter presente a grave crise do país e o projeto de submissão do atual governo ao capital financeiro”, disse. “Vende-se e negocia-se nosso patrimônio nacional e a Amazônia é vista como mercadoria”, acrescentou.
Em sua opinião, o Congresso Missionário deve ajudar a “redescobrir a esperança e a força da organização dos pequenos que mais sofrem os impactos (com a atual política do governo)”.
O Congresso discute o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” e reúne 700 pessoas vindas de todas as regiões do Brasil. Segundo dom Fernando, esse tema mostra “um jeito novo de viver a missão”. Ele destacou a semana missionária realizada pela arquidiocese em preparação para o Congresso, numa iniciativa pioneira em relação aos congressos anteriores.
Dom Fernando recordou a abertura, nesta quarta-feira, 6, das comemorações dos 50 anos da segunda Conferência dos bispos da América Latina e Caribe, realizada em Medellin, na Colômbia, no ano de 1968. Para o arcebispo, foi Medellin que deu à Igreja deste continente um rosto latino-americano. “Foi, sem dúvida, o começo de uma Igreja em saída”, acentuou dom Fernando, lembrando o papel de dom Helder na Conferência de Medellin.
A missão vem de Deus
O presidente do Congresso Missionário e da Comissão Episcopal para a Animação Missionária da CNBB, dom Esmeraldo Barreto de Farias, disse que a missão nasce do encontro com Jesus e que ela é obra de Deus. “A missão vem de Deus. Ela não nos afasta das realidades que vivemos, nem nos isola em nós mesmos, mas nos faz mergulhar na realidade para descobrir Deus”, sublinhou.
Dom Esmeraldo destacou a importância do testemunho pessoal e comunitário como caminho de evangelização e disse que o Espírito Santo é o protagonista da missão. “O Espírito Santo nos faz ver e compreender o mundo em que vivemos com os olhos da fé. Ele nos faz ouvir o grito de dor e de esperança que brota dos pobres. Ele nos faz sentir o outro para não sermos indiferentes a quem vive na periferia”, afirmou.
Ao declarar aberto o Congresso, dom Esmeraldo o comparou a um grande tanque de água e disse que os congressistas devem ser como condutores para fazer essa água chegar ao povo.
A vice-presidente do 4º Congresso Missionário e presidente da Conferência Nacional dos Religiosos (CRB), Irmã Maria Inês revelou sua alegria ao ver que, “cada vez mais, cresce o número de leigos e leigas na missão”.
Ela sublinhou o testemunho do bispo vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, que ficou preso durante treze anos, de 1975 a 1988. Deixando a prisão, foi nomeado pelo papa João Paulo II presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz e criado cardeal em 2001, morrendo no ano seguinte aos 74 anos.
“Somos missionários e missionárias aqui, agora e sempre, em nossas comunidades e além-fronteiras, aonde o Senhor nos levar”, disse a religiosa. “Se o coração não arde, os pés não andam”, finalizou.
Encenação e noite cultural
A cerimônia de abertura do Congresso foi conduzida pelo seu secretário executivo e coordenador de pastoral da arquidiocese de Olinda e Recife, padre Josenildo Tavares. No início da cerimônia, foi feita a entronização da imagem de Nossa Senhora Aparecida ao som da música Romaria, na voz de Cristina Amaral. Fez-se também a entrada das bandeiras da Infância e Adolescência Missionária (IAM) e da Juventude Missionária (JM). A oração foi conduzida pela equipe da Arquidiocese anfitriã.
Uma encenação protagonizada pelas crianças e adolescentes da IAM do Vicariato do Cabo, da arquidiocese de Olinda e Recife, encerrou a cerimônia de abertura. Muito aplaudidas pelos congressistas, as crianças e adolescentes interpretaram o sentido da missão e do 4º Congresso Missionário acolhido pela capital pernambucana. Na quadra esportiva do Colégio Damas, onde foi servido o jantar, houve apresentação cultural encerrando as atividades do primeiro dia.
A programação segue nesta sexta-feira, dia 8, com duas conferências, 24 oficinas e o lançamento da Campanha Missionária 2017.
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Assessoria de Comunicação do 4º CMN | Fotos: Patryck Madeira e Jaime C. Patias