A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nas pessoas de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Dom Jaime Spengler e Dom Joel Portella Amado, manifestou unidade e solidariedade ao bispo de Roraima e segundo vice-presidente da entidade, Dom Mário Antônio da Silva, diante dos ataques sofridos pelo povo Yanomami da região do rio Uraricoera, em Roraima.
Em carta, datada do dia 8 de junho, os membros da Presidência da CNBB dirigiram-se a Dom Mário “no desejo de que suas palavras, já escutadas pelo Deus da Vida, sejam ouvidas pelos corações que trabalham por um mundo de paz e respeito ao ser humano e à casa comum, particularmente por todos aqueles que têm responsabilidades na edificação da sociedade justa e solidária”.
No dia 10 de maio, a comunidade indígena do povo Yanomami foi atacada por garimpeiros que abriram fogo contra a comunidade à bordo de barcos. Lideranças denunciaram que duas crianças morreram afogadas em decorrência dos ataques. A Comunidade Palimiú, às margens do Rio Uraricoera, tem sido foco de conflitos armados entre garimpeiros que utilizam a rota para chegar a garimpos ilegais dentro da floresta e os indígenas, que tentam fazer uma espécie de barreira sanitária para impedir a aproximação de pessoas estranhas por conta da pandemia.
Numa Carta à Igreja e ao povo de Roraima, dom Mário Antônio da Silva denunciou a omissão e a negligência das autoridades. O bispo apontou também que, diante dos ataques, que se repetiram nos dias seguintes, “poucas providências foram tomadas da parte dos órgãos responsáveis para garantir a vida e a integridade da comunidade”.
Confira a mensagem da Presidência da CNBB na íntegra:
P. 0207/21
Brasília, 08 de junho de 2021
Exmo Sr.
Mário Antônio da Silva,
Bispo Diocesano de Roraima
Ref: Unidade na missão
Prezado D. Mário,
irmão e amigo,
Em 2 de junho último, o senhor se manifestou publicamente em favor de uma parcela do povo de Deus que lhe foi confiado. Seu coração de pastor o levou a expressar sua solidariedade ao povo Yanomami da região do rio Uraricoera, vitimado pelo garimpo ilegal e pela inércia de quem deveria exercer a vigilância sobre as terras que são da União e de usufruto destes povos.
Sabemos, caro irmão, o quanto sofre o coração solidário do pastor ao contemplar a dor presente em seu rebanho, atingindo pessoas e desrespeitando a casa comum. Como, pois, prezado irmão, pode o pastor se calar, se, diante de seus olhos, o que se vê é destruição e morte? Afinal, se nos calarmos, as pedras clamarão! (Lc 19,40)
Receba, pois, nossa fraterna expressão de unidade. Nós, seus irmãos bispos, com quem o senhor compartilha a missão na presidência da CNBB, manifestamos nossa união e nossa solidariedade, no desejo de que suas palavras, já escutadas pelo Deus da Vida, sejam ouvidas pelos corações que trabalham por um mundo de paz e respeito ao ser humano e à casa comum, particularmente por todos aqueles que têm responsabilidades na edificação da sociedade justa e solidária.
Como nosso abraço e nossas orações.
Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente
Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente
Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral