O tom do terceiro dia do Congresso Missionário Nacional de Seminaristas foi dado por Dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, com a conferência “A Igreja de Cristo em missão no mundo”. Trazendo um panorama que abrange fé, política, polarização e questões da sociedade atual, o foco da fala apontou para a cruz. O conferencista abordou o fundamento cristológico da missão, partindo da teologia de Hans Ur von Balthasar e de documentos que permeiam desde o Concílio Vaticano II até o Papa Francisco. “A igreja tem uma origem no amor eterno do Pai, mas ela foi fundada no tempo por Cristo e, assim, tem um fim salvador e escatológico”, afirmou.
Nessa perspectiva escatológico-histórica (eterno e temporal), o bispo ressaltou que a tentação é sempre acentuar demais ou o aspecto humano ou o divino – apesar de essa tensão ser própria do Deus que se faz carne. “Sem a cruz, a fé cristã é uma teoria; com a cruz, a fé cristã é salvação. A eternidade está nos campos do mundo”, destacou. Portanto, na era da tecnologia que promete longevidade, D. Leomar orienta que se a vida não tiver sentido, de nada vale tal expectativa. “Ser profeta hoje é resgatar o sentido da vida”, sublinhou. Segundo o conferencista, o desafio hoje é ser e fazer algo definitivo em meio a essa transitoriedade, pois a missão tende ao que não passará. Nesse contexto, emerge a questão: mesmo nas tribulações do dia a dia, o outro ainda nos interpela? “Jesus sempre identificou todo o Seu ‘eu’ com a missão, Ele também se abandonou à vontade do Pai”, enfatizou. Por fim, embasado na máxima de São Gregório Nazianzeno – “o que não foi assumido, não foi redimido” –, o bispo exortou os seminaristas para que se assuma o que de fato é cristão.
Texto: Darlan Schwaab e fotos: Patryck Madeira (equipe de comunicação do 3CMNS)