“Não se pode enjaular nem deter o Espírito”, afirma dom Raúl Biord Castillo, sdb. A conferência desta manhã na plenária do CAM6 introduziu o eixo temático do dia, refletindo a missão que nasce da Trindade, em uma perspectiva da missão que parte de Deus para se tornar a missão da Igreja.
O arcebispo de Caracas, destaca que a Igreja é missionária porque Deus é missionário e que ela não é nem a origem, nem o final, mas “somente sacramento de Deus que é o criador e Salvador”.
Para ele, é preciso descobrir que a missão de Deus não é somente o paradigma da ação pastoral, mas também da teologia. “Isso nos permite afirmar o fundamento trinitário da missão e mudar nossa compreensão da natureza da Igreja, passar do plural ‘missões (da Igreja)’ para o singular ‘missão (de Deus)’.
Refletindo o Espírito que impulsiona à missão, o arcebispo partilhou que vê o Espírito Santo como o mais travesso da Trindade: “através dele se superam as diferenças, se atravessam as paredes e os muros. É ele que desordena nossos planos e é Ele a fonte de alegria. É a união do Pai e do Filho em um mesmo amor e uma mesma missão”.
“O Espírito é radicalmente missionário, porque descentra, impulsiona, faz sair. Está em saída e inspira novidade. Ele é força centrípeta e centrífuga, princípio da comunhão e da missão”, destacou o arcebispo.
Para concluir, dom Castillo alertou que a palavra mais importante para um cristão é a ordem do ressuscitado: Vai! “Quer dizer: Vai, vamos ao povo, vamos estar no meio do povo e com o povo!, mas não com o rosto dos mortos, mas com o rosto dos ressuscitados!”
A manhã seguiu com a exposição de dom Emilio Nappa, secretário adjunto do Dicastério para a Evangelização e presidente das Pontifícias Obras Missionárias em Roma. Com ele, estava Pe. Dinh Anh Nhue Nguyen, Secretário-Geral da Pontifícia União Missionária, também em Roma. Os dois seguiram a iluminação missiológica a partir da reflexão do sentido da missão protagonizada por missionários do Espírito, até os confins da terra.
Uma grande festa de muitas culturas
A partilha e o convívio com missionários de todo o continente têm marcado a experiência dos brasileiros neste 6º Congresso Americano Missionário, junto aos mais de 1300 congressistas de toda a América.
O padre Camilo Pauletti é da Diocese de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e participa pela quinta vez de um CAM. Para ele, a experiência é sempre “Um tempo de graça, onde encontramos pessoas e missionários amigos. Nos abastece, fortalece o Espírito e o ardor para não se acomodar, mas continuar a seguir firmes na missão”.
Segundo o ex-diretor das POM, este é um momento especial de partilha, de ouvir testemunhos e de compreender os desafios que a caminhada nos coloca. “Mas, acima de tudo, mas nos dá luzes e forças para ir em frente”, comenta Pe. Camilo.
A leiga Valci Leite Rego, da Diocese de Balsas, no Maranhão, participou do Congresso Missionário em Manaus e está pela primeira vez em um Congresso Americano. Para ela, a experiência é grandiosa, emocionante “e até inacreditável”.
“Viver este CAM alarga minha visão e meus passos para uma ação missionária mais significativa no chão de minha comunidade, bem como em lugares mais distantes, em caso de necessidade. Muitas são as orientações que vou levar ao chão missionário de nossa diocese, no Sul do Maranhão, com o compromisso de viver a sinodalidade como chave da missão evangelizadora e inclusiva. De sermos Igreja em saída”, comenta Valci.
Espaços de participação e construção coletiva
A metodologia deste 6º Congresso Americano Missionário prevê a divisão dos participantes em grupos para conversar a partir de três eixos: Experiências e projetos ad gentes; Discussão do Instrumento Laboris; e Testemunhos missionários ad gentes. Este será o trabalho das tardes de hoje, amanhã e sexta-feira. Já para o fim de semana, estão previstas visitas missionárias nas paróquias de Ponce, além da Celebração de Envio, na tarde de domingo.
Sentindo-se imensamente agradecida e com o coração preenchido de alegria, ela contempla uma experiência de várias culturas unidas pela mesma fé. “Quando o coração arde, os pés criam asas. Quero sentir todo dia, o ardor missionário que dê asas aos meus pés”, conclui ela.
Por: Victória Holzbach