No dia 2 de novembro fazemos memória dos que nos precederam, os finados. Que sabemos nós sobre o mistério da vida e da morte? Os diversos sinais de vida e morte presentes na sociedade contemporânea podem nos ajudar a refletir sobre a nossa missão de peregrinos neste mundo. Criados à imagem e semelhança de Deus, carregamos em nossa realidade humana, traços visíveis daquele que nos criou.
A nossa existência pode ser assim sintetizada:
1. A vida se apresenta como uma problemática, complexa – a partir da fé, um mistério.
2. Toda a nossa vida é um desafio – sob o olhar da fé uma missão.
3. Toda a nossa vida é um espaço – a partir da fé, um dom, uma graça.
“Nós vivemos até o dia em que morre a última pessoa que se lembra de nós”. Ou seja, nós não morremos no dia do nosso último suspiro, mas quando morre a última pessoa que carrega consigo a nossa lembrança de pessoa edificante, de valores, que transparece a imagem de Deus.
Por isso a promessa do 4º Mandamento: “Hora teu pai e tua mãe e terás vida longa sobre a terra”.
O cristão ilumina o mistério da morte com a luz de Cristo Ressuscitado.
É uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua ressurreição. Graças a Cristo, a morte ganha um sentido positivo. Na pessoa de Jesus ressuscitado, Deus se revela aquele que ressuscita os mortos. Da mesma forma como ressuscitou Jesus, Deus nos ressuscitará também. Jesus tem palavras de vida eterna. Com essa certeza enfrentamos a dor, o sofrimento e a morte com coragem e dignidade…
Assim vivemos o mistério da vida e da morte. Com fé realizamos a nossa missão procurando ocupar positivamente nosso espaço neste mundo como um dom e uma graça, na generosidade e gratuidade. Esta é a nossa missão.
Em Deus e com Deus, neste mundo ou além, estaremos sempre bem.
Vale lembrar ainda, das sábias palavras de Santo Agostinho sobre a morte:
“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi”.
Padre Jaime C. Patias, IMC, conselheiro geral dos missionários da Consolata.