de Ivo Poletto *
Ao retornar de um fim de semana de meditação sobre o sentido histórico e teológico da condenação à morte de cruz de Jesus de Nazaré e da sua ressurreição, fui surpreendido com a notícia de uma reunião de emergência da presidência da república com seus ministros mais próximos e os líderes de sua base no Congresso. Pensei: devem dialogar sobre os dados da pesquisa de opinião pública realizada pela Vox Populi – que traduzida, é Voz do Povo – e publicada na Carta Capital desta semana, já que eles deixam claro que 93% dos entrevistados são contrários à proposta de Reforma da Previdência; que 83% não aceita a Lei do Teto de Gastos, que congela os gastos públicos pelos próximos 20 anos; que 80% não concorda com a chamada Lei da Terceirização Geral, que livra os patrões das obrigações sociais e deixa os trabalhadores no total abandono.
Bem, depois de breve ilusão, os senhores sentados em volta da mesa com o presidente ilegítimo logo confirmaram os motivos de golpe à democracia: foram chamados pelo presidente para informar que o governo está atuante, não mexerá nos ministérios por causa das denúncias de corrupção, e que, pelo contrário, trabalha para que as reformas da Previdência e Trabalhista sejam aprovadas quanto antes. Em outras palavras, mesmo se todos os brasileiros e brasileiras estiverem contra essas reformas, o governo quer e exige que sejam impostas como lei.
Ouça o programa de rádio sobre a Páscoa e a antipáscoa
Diante disso, não pude evitar o pensamento que me veio à cabeça: existe tanto a Páscoa como a antipáscoa. A Páscoa de Jesus foi e continua sendo melhor vivida por quem deseja e luta para que diminua e até desapareça o peso das cruzes jogadas sobre as costas das pessoas; e por isso, estas pessoas devem ter confirmado sua decisão de reforçar a Greve Geral e as mobilizações do próximo dia 28 contra essas reformas que retiram direitos dos trabalhadores assalariados e de toda a população. Já o presidente ilegítimo e seus auxiliares, quase todos acusados de estarem metidos em corrupção, colocaram em prática a antipáscoa com sua decisão de sacrificar ainda mais o povo em benefício dos privilegiados – que não pagam nem o que devem à Previdência!
Feliz Pascoa, amigos e amigas, e que ela se faça presente em nossas lutas diárias por justiça, fraternidade, democracia e verdadeira paz.
* Ivo Poletto, Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS): www.fmclimaticas.org.br