Após 3 anos estando a frente do Centro Cultural Missionário, Pe. Jaime Gusberti retorna para a Diocese de Caxias do Sul (RS). Nestes últimos anos, Pe. Jaime viveu um caminho missionário iniciado no ano de 1997 nas Pontifícias Obras Missionárias, como Secretário da Infância e Adolescência Missionária. Foi missionário na Arquidiocese de Porto Velho (RO) e esteve a serviço do Centro Cultural Missionário (CCM) desde o ano de 2017 em Brasília (DF).
Acompanhe a entrevista que a comunicação das Pontifícias Obras Missionárias fez com Pe. Jaime após ter anunciado na última semana seu desligamento do CCM:
Quanto tempo esteve à frente do CCM?
Foram 3 anos. Cheguei no dia 25 de janeiro de 2017. Dia da conversão de São Paulo Apóstolo. Data muito significativa. Saio no dia 23 de dezembro de 2019, dois dias antes da celebração do Natal.
Como você avalia o caminho realizado junto ao CCM nestes anos em que esteve atuando?
Deus é Missão. A vida é Missão e a missão continua. Ela é de Deus! Jesus também não fez a sua vontade, mas a vontade do Pai. Serviu até o fim. O missionário/a é convidado a semear mesmo que não contemple nem recolha os frutos, outros recolherão. Essa é a dinâmica da missão. “Um dia a gente chega e no outro vai embora cada um de nós compõe a sua história”. A missão é muito dinâmica. O que torna a missão bonita é isso. Eu não sou dono da missão e nem das coisas. Quanto ao avaliar a caminhada realizada, para mim é muito difícil. Quem é de fora vê e avalia melhor. Nem sempre o que eu penso que é positivo o outro também pensa. Depende de que ponto o olhar parte. Mas posso dizer que dentro de minhas limitações que são muitas procurei dar tudo o que podia fazer. Ajudando nas assessorias de cursos, encontros, na reflexão junto à equipe do Centro de Animação e Estudos Missionários (CAEM) bem como no acompanhamento aos missionários e missionárias dos cursos do Centro de Formação Intercultural (CENFI) e do Curso Ad Gente e dos demais cursos acontecidos neste centro. Sempre tenho dito: “sou um servo inútil, fiz o que podia fazer” (cf. Lc 17,10).
Neste novo formato entre CNBB e CCM, quais as expectativas deste trabalho que terá mais proximidade nos próximos anos?
No contexto histórico em que vivemos onde sobressai o individualismo, a autoreferencialidade e a perda do sentido das coisas, mais do que nunca somos chamados a buscar outro caminho, o da comunhão entre as instituições, isto é, a sinodalidade.
Destaco nestes últimos três anos e sou imensamente grato à comunhão que construímos não só no processo missionário com as Pontifícias Obras Missionárias, mas também na fraternidade entre nós. É isso que precisamos fortalecer. Sei que isso não se constrói de um momento para o outro, exige caminhar juntos, partilhando morrendo de ideias particulares para que vença a missão. As ideias precisam ser gestadas amadurecidas como foi também a Pós-Graduação em Missiologia e o Programa Missionário Nacional nascido no ano de 2017 e tornados realidade neste ano. Tudo o que se quer fazer logo não tem futuro. Como nos diz Guimarães Rosa: “A terra não se alimenta de tempestades, mas de chuva fina”. Tenho muita esperança no caminho que se esta construindo entre CNBB e CCM. Rezo para que ele vá adiante e possa produzir frutos para a missão no Brasil.
Quais os seus projetos assim que se desligar do CCM?
Eu não tenho nenhum projeto particular a não ser viver o ministério presbiteral como sempre o fiz dentro da simplicidade. Reconheço que devo crescer muito. Devo converter-me de muitos pecados e sei disso. Conto com a graça de Deus por isso peço que vocês rezem por mim para que eu tenha a força suficiente para chegar a este bom propósito.
O caminho que faço agora é voltar. O caminho da volta sempre é mais rico do que quando se parte. Na mochila estão experiências recolhidas nas escutas feitas em tantos lugares percorridos, mas também em tantos encontros com missionários e missionárias vindos de terras tão longínquas de outros continentes e também de nosso Brasil. Sou grato a cada um deles. Os tenho no meu coração e rezo para que eles possam continuar vibrando pela missão onde quer que estejam cultivando “uma paixão profunda por Jesus Cristo e simultaneamente pelo seu povo” (EG, n. 268).
Volto para minha Diocese de Caxias do Sul, após um caminho missionário iniciado no ano de 1997 nas Pontifícias Obras Missionárias, após ter cursado Mestrado em Teologia Espiritual em Roma, prestado o serviço como Reitor do Seminário Maior São Lucas da Diocese de Caxias do Sul em Viamão – RS, Missionário na Arquidiocese de Porto Velho – RO, Igreja irmã de Caxias do Sul e a serviço do Centro Cultural Missionário (CCM) desde o ano de 2017 em Brasília – DF.
Uma última palavra
Desejo agradecer à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela confiança em mim depositada; bem como a cada um dos colaboradores do Centro Cultural Missionário (CCM), que dia a dia, cuidaram para que tudo estivesse em ordem para acolher homens e mulheres que chegavam para beber da fonte do missionário do Pai.
Agradeço também, sem fazer nomes para não esquecer nenhum: às Pontifícias Obras Missionárias (POM); à Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); à Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e à Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM); ao Centro Fé e Política (CEFEP); à Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial; ao Conselho Missionário Nacional (COMINA); ao Conselho Nacional do Laicato (CNL); ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI); à Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS), aos organismos que fazem parte da minha história e da história do CCM. A cada um/uma, agradeço de coração e peço perdão por erros cometidos.
Aproveito a oportunidade para desejar um Feliz Natal e Ano de 2020 a todos os missionários e missionários presentes nos diferentes lugares do mundo.
Continuemos unidos na prece. Deus abençoe a todos. Rezem por mim.