São dois meses desde a saída do Brasil e a vivência de uma realidade cheia de novidades. Neste tempo, desde 26 de janeiro, quando chegou em Moçambique, padre Luiz José Weber integra a equipe missionária de Moma, onde o Rio Grande do Sul mantém o Projeto Igrejas Solidárias há 25 anos.
Atualmente, junto com ele estão as leigas Rita de Cássia Patron Bandera, da Diocese de Bagé e Maria Isabel Tromm, da Diocese de Joinville (SC), além do padre Jucelino Martins, da Diocese de Serrinha, na Bahia.
Antes de ser enviado a Moçambique pela Diocese de Santo Ângelo, padre Luiz esteve na Diocese de Marabá, no Pará. Com o desejo sempre claro de ser missionário em Moçambique, ele deve permanecer no país durante três anos.
Depois de tanto tempo em Marabá no Pará, quem é o Pe. Luiz hoje?
Padre Luiz: A nossa vida é uma missão. Foram 25 anos de missão no projeto Igrejas Irmãs Santo Ângelo e Marabá, onde a experiência, a cultura, o povo, a realidade e a Igreja me ajudaram e foram missionários na minha vida. Fomos nos fortalecendo e crescendo no compromisso com o Reino de paz e da justiça. Aprendi a ser missionário, com a Graça de Deus.
O que lhe faz ser um padre missionário e quais as motivações lhe inspiraram a sempre reafirmar “eu quero ir pra Moçambique”?
Padre Luiz: A minha vocação é missionária, sempre me senti envolvido e chamado para a missão. Nossa vida missionária se baseia no conhecimento do projeto de Jesus, de sua mensagem e ensinamentos e no compromisso com este reino. De ser experiência e presença de Jesus na minha vida e na vida das pessoas. A nossa fé se torna missionária quando não nos acomodamos, ou melhor, a nossa fé se torna missionária quando é desafiada em sair de si, de ir ao encontro e é com esta motivação que me senti convocado para a missão em Moçambique.
Quais são as suas expectativas para a missão?
Padre Luiz: Partilho a alegria em trabalhar no projeto do Regional Sul 3, com uma equipe missionária formada por padres e leigas vivendo em comunidade missionária e de me sentir enviado pelo regional, pela diocese de Santo Ângelo, paróquia, comunidade, família e de tantos amigos e amigas pelo Brasil afora.
Expectativa de conhecer esta realidade e cultura com tantas alegrias e, claro, com muitas dificuldades e desafios, tendo a consciência de que ser missionário é partir, sair, caminhar, ir ao encontro. Deixar que a cultura e a realidade do povo de Moçambique toque no nosso coração e amar este povo. Ser missionário é tocar e chegar no coração das pessoas.
Sabemos que a sua família é muito presente na sua vocação e na missão. O que esta presença significa para um missionário ad gentes?
Padre Luiz: Realmente devo muito a minha família. Na família aprendemos e cultivamos a nossa vocação e, no meu caso, a vocação missionária. Os meus pais e familiares me ajudaram a compreender o sentido verdadeiro da missão. Sou missionário com a Graça de Deus, sendo sempre motivado, animado, fortalecido e enviado por meus familiares. A família sempre está presente na missão rezando por mim e pela missão. Os meus pais sempre me dizem que tudo é pela Graça de Deus, não somos nada sem a Graça de Deus. Muito obrigado aos meus pais e familiares.
O que mais lhe tocou em Moçambique na sua chegada?
Padre Luiz: É um povo muito alegre e com uma mística e espiritualidade que os mantêm vivos diante de tantas precariedades, dificuldades, desafios da vida. As celebrações vibrantes e vivas cheias de fé e esperança que são como o combustível na vida diária. A rica cultura e realidade deste povo. A beleza da natureza e do meio ambiente.
Sabemos que a realidade de Moçambique é muito diferente do Brasil. Na sua opinião, qual o nosso papel de missionários nesta realidade?
Padre Luiz: De deixar-nos tocar e sentir esta realidade, espiritualidade e cultura deste povo, com suas alegrias, sofrimentos e esperanças. De estarmos com corpo, alma e coração na missão e termos a consciência e aprendermos que a nossa presença é uma presença missionária, presença de Jesus Cristo. Viver com encanto e alegria este tempo entregue à missão, não como profissionais, funcionários, mas como discípulos missionários que se doam e entregam a vida recebida por amor ao projeto de Jesus Cristo.
Outra coisa fundamental é sempre buscar desenvolver nos leigos e leigas a identidade de discípulos missionários e formar com eles comunidades missionárias, porque sabemos que a Igreja é por sua natureza missionária e tem o compromisso com a missão de Cristo, de ser presença e anúncio da boa nova aos pobres.
Sua experiência missionária certamente ajuda muito neste momento. Quais atitudes são fundamentais no seu caminho de adaptação na missão de Moma?
Padre Luiz: “Eu te louvo Pai Senhor do céu e da terra por que escondestes essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelas aos pequeninos. Sim Pai, por que assim foi do vosso agrado.” (Mt 11,26). Este é o lema da minha ordenação que me identifica e me fortalece no meu trabalho e missão.
Jesus o grande missionário do Pai, ao convidar para a missão disse: “vinde e vede”. As atitudes fundamentais que percebo e que vou me esforçar para viver e ser são: trabalhar como equipe missionária; Conhecer esta realidade e cultura; Olhar, contemplar, rezar e perceber a vida do povo como agente missionário da minha missão; Ir ao encontro das pessoas, ser uma presença missionária; Ter humildade e disponibilidade para servir; Ter coragem, ousadia e confiança; Ser instrumento. O missionário em sua missão precisa reconhecer sempre a grandeza de Deus, pois quem evangeliza é Deus.
“Somos marcados a fogo por essa missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar e libertar. Eu sou uma missão nesta terra e para isso estou neste mundo” (EG 273).