A Missão é uma vocação na Igreja, disse Dom Leonardo Steiner aos participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional que encerrou em Manaus, depois de mais de uma semana de “ser uma presença da Palavra de Deus” em centenas de comunidades da Arquidiocese de Manaus, a Prelazia de Itacoatiara e a Diocese de Coari.
O cardeal agradeceu aos 280 missionários e missionárias pela presença nessas Igrejas da Amazônia, explicando brevemente o jeito de ser Igreja na Arquidiocese de Manaus, onde as Áreas Missionárias se tornaram o modo de ser presença do Evangelho na vida do povo.
Uma experiência missionária que é fruto de um processo já realizado, de diferentes experiências missionárias em nível diocesano e regional com seminaristas, segundo explicitou Dom Maurício da Silva Jardim, Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga. O bispo, que foi diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) por 6 anos, enfatizou que as POM buscam promover o espírito missionário na Igreja de cada país, e fez ver que a experiência vivida nasceu com o protagonismo dos seminaristas que decidiram realizar um Congresso, buscando uma reflexão sobre a missão, e esta práxis missionária.
Os missionários e missionárias chegaram de todos os cantos do Brasil, 94 dioceses e várias congregações religiosas, com diferentes expectativas, que se uniram àquelas dos organizadores da experiência, com as que buscaram crescer como pessoas e como seguidores de Jesus, segundo o Padre Zenildo Lima. O reitor do Seminário São José de Manaus foi relatando as expectativas surgidas dos objetivos da experiência, em relação com a comunhão com a Igreja, com a caminhada vocacional, um elemento importante dado que a Igreja do Brasil está realizando o III Ano Vocacional, conhecer a realidade da Amazônia, aprender a caminhar com os outros, uma expressão de sinodalidade, e o que a experiência significa na caminhada formativa dos seminaristas.
Uma experiência de encontro, sustentando na interculturalidade, a escuta, o anúncio, o aprendizado, segundo fez ver o Padre Zenildo Lima. Uma experiência que tem provocado admiração, encantamento, gratidão, superando assim o cansaço de chegar até lugares de difícil acesso. Daqui para frente, o importante é entender, seguindo as palavras do Livro do Atos dos Apóstolos, que “Não podemos deixar de falar o que vimos e ouvimos”, algo que leva a refletir sobre como o vivido nesses dias pode ajudar, incidir, iluminar a vida dos missionários e missionárias.
Nesse sentido, os COMISEs, uma realidade cada vez mais presentes nos seminários diocesanos e nas casas de formação de diferentes congregações religiosas, segundo disse Ítalo Dalton, coordenador nacional, podem ajudar a avançar nessa vivência missionária por parte daqueles que um dia serão os presbíteros da Igreja do Brasil, superando estereótipos e preconceitos que dificultam a concretização dessa vivência missionária.
De volta para a Diocese de Joinville (SC), Mateus Siedschlag disse levar “muito aprendizado, aprendizado com o povo, com a cultura e principalmente quebra de paradigmas, porque a gente vem, querendo ou não, com uma visão que a gente tem de lá”. O seminarista do segundo ano de Teologia que visitou a Amazônia pela primeira vez, afirmou que “lá se fala muito dos problemas que tem aqui, das dificuldades e das caraterísticas, das qualidades também, mas quando a gente vem para cá e vivencia, então a gente vê realmente que tem sim dificuldades, mas também não são tão como aparece lá”.
Ele, que participou da experiência da Área Missionária São José do Rio Negro, destacou as muitas ações que são realizadas na Igreja de Manaus, “especialmente nas áreas missionárias onde a Igreja tenta atender, da forma que consegue, mas busca tentar solucionar os problemas e também levar a evangelização, a Palavra de Deus”.
O coração de Sildo Morais já ardia desde que foi anunciado o processo de inscrição para esta Experiência Missionária Pés a Caminho. O seminarista da Diocese de Caxias (MA), chegou em Manaus carregando “a experiência do meu povo”, de uma outra região da Amazônia. Ele está levando “a acolhida generosa desse povo e aquilo que cada experiência vivida na comunidade me ensinou para esse processo formativo, para minha dimensão futuramente como sacerdote”. Ele, que acabou recentemente a Teologia, insistiu em que “não existe sacerdócio sem a dimensão pastoral, sem a dimensão missionária”.
A experiência missionária ajudou a descobrir uma Igreja ministerial, com grande importância dos leigos, das mulheres, um povo que acolhe, generoso. Também foi momento de partilha de estilos de vida, de modos de viver a fé nas diferentes regiões do Brasil, momento para que os futuros presbíteros tenham abertura a todas as realidades que fazem parte da Igreja universal.
Foi pedido que esta experiência e a missiologia se tornem algo ordinário no processo formativo dos futuros padres, um eixo transversal, ajudando a entender que a Igreja é muito mais do que a própria diocese. De fato, foi denunciada a pouca presença e incentivo da missão nos processos formativos. Nesse sentido, Dom Leonardo Steiner insistiu em “processos formativos que levem a ser missionários, não celebrantes de sacramentos”, e junto com isso que tudo no processo formativo é para a missão, para o bem do povo de Deus, buscando não uma Igreja de conservação e sim uma Igreja em saída, uma Igreja missionária.
Os missionários e missionárias viram, escutaram e levam muitas experiências que irão enriquecer sua vida, experiências que também ajudarão às comunidades locais a refletir e crescer. Mas acima de tudo, esta experiência, que quer ser estabelecida como algo a ser continuado, cobra maior sentido no pedido que os seminaristas fizeram aos formadores, aos bispos, à Igreja do Brasil: Não deixem a missão de lado.
Fonte: CNBB Norte 1