O presidente das Pontifícias Obras Missionárias (POM), Dom Giovanni Dal Toso fala do tema central da assembleia geral em andamento: “Sobre o tipo de presença que somos chamados a ter não só na mídia, mas, em geral, em um mundo que continua a mudar”
O caminho missionário também faz parte da formação. Esta é uma das reflexões que marcaram a abertura da assembleia geral das Pontifícias Obras Missionárias (POM) programada até o próximo 3 de junho que conta com a participação, entre outros, do Cardeal Luis Antonio Tagle, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos.
Dal Toso: o chamado à formação é cada vez mais evidente
O Arcebispo Giovanni Pietro Dal Toso, presidente das POMs, fala sobre o tema central da assembleia e sobre o caminho das quatro Pontifícias Obras Missionárias:
A Assembleia Geral é um encontro anual cujo objetivo é sempre avaliar a atividade das Pontifícias Obras Missionárias e a aprovação de subsídios. Para nós, a Assembleia Geral é o órgão institucional mais importante, que deve administrar as POMs, contando também com a Congregação para a Evangelização dos Povos. Não se trata simplesmente de um compromisso anual, mas, sobretudo, de um órgão institucional. Este ano, como no ano passado, por razões que todos sabemos, a assembleia está sendo realizada em plataforma digital. Isto nos obriga a nos limitarmos às tarefas essenciais. Identificamos um tema nas palavras que o Cardeal Tagle nos falou hoje: o tema relacionado à comunicação, ao tipo de presença que somos chamados a ter não apenas na mídia, mas, em geral, em um mundo que continua a mudar.
Quais são os desafios para as Pontifícias Obras Missionárias, particularmente neste momento em que a pandemia em alguns países, como na Índia, é cada vez mais preocupante, enquanto em outros, incluindo a Europa, parece finalmente melhorar?
Os desafios para nós estão muito relacionados ao nosso carisma fundamental. O desafio decisivo é a promoção do espírito missionário, a promoção da evangelização. Este é o grande desafio ao qual somos chamados e faz parte da vida das POMs há 200 anos. Os desafios têm mais a ver com o contexto, ligados mais a um plano eclesial. A nossa organização está muito ligada à vida pastoral da Igreja. Por exemplo, a diminuição da presença dos fiéis na missa nos países ocidentais é claramente uma consequência para nossa atividade. Assim como o crescimento da presença de fiéis nos países chamados territórios de missão, evidentemente têm outras consequências para nós. Considerando que a nossa instituição é universal, os desafios também mudam de acordo com as regiões nas quais nossa atividade é desenvolvida.
Quais são, especificamente, as características distintivas do caminho de cada uma das quatro Pontifícias Obras Missionárias?
O trabalho da Pontifícia Obra da Infância Missionária é mais orientado para as crianças. A Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo para os seminários. A Pontifícia Obra de Propagação da Fé para apoiar as Igrejas locais em suas atividades de evangelização e a Pontifícia União Missionária tem principalmente a tarefa da animação. Parece-me que nos últimos anos houve um movimento em direção a uma maior unidade entre as quatro Obras. Na realidade, temos desafios comuns que representam um desafio para as quatro Obras. E neste caminho parece que vejo, cada vez mais claramente, um chamado à formação. Vou dar um exemplo: a Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo não se limita apenas ao financiamento dos seminários nos territórios de missão, mas também busca formas de ajudar na formação dos formadores desses seminários. E ao mesmo tempo, o a Pontifícia Obra da Infância Missionária está cada vez mais orientada para a formação dos que acompanham essas crianças na atividade pastoral. Portanto, há uma orientação cada vez mais forte para a formação.
Quais são as indicações do Papa Francisco para as Pontifícias Obras Missionárias?
As indicações do Papa foram muito claras na mensagem que ele nos enviou no ano passado, em 21 de maio, sobre nossas Obras. Neste documento, o Papa quer nos dizer que toda instituição, inclusive a nossa, deve medir-se por sua proximidade com o povo e também por sua fidelidade ao carisma que recebeu. Para nós, o carisma – o Papa destaca muito isto – é o da oração pela missão de caridade missionária. Não é apenas uma questão monetária, mas também uma questão de oferecer energias, sofrimentos, algo de si mesmo para a missão…. Evidentemente também uma oferta econômica, pois a atividade que a Igreja realiza nos territórios de missão também precisa de apoio econômico. Assim, o Papa nos convidou claramente a sermos uma instituição que se mede por sua proximidade com as pessoas e por sua fidelidade ao nosso carisma. O Papa também destacou nosso chamado a servir a Igreja local: não somos simplesmente uma instituição universal que governa de longe. O carisma da Obra sempre foi o de ajudar os fiéis a viver sua fé nesta dimensão missionária e universal. Estamos a serviço da Igreja local para que todos os fiéis possam ser educados para serem missionários. Assim, como recordava o tema do Outubro Missionário de 2019, somos batizados e enviados. Nosso primeiro chamado é ajudar a Igreja local a despertar em todos os fiéis este espírito missionário e universal.
A serviço do Papa
As Pontifícias Obras Missionárias são uma rede mundial a serviço do Papa para apoiar a missão e as jovens Igrejas com a oração e a caridade. O Concílio Vaticano II afirma que, sob o nome de missões, entende-se duas atividades: o anúncio do Evangelho e a constituição de novas Igrejas. Em 1922, o Papa Pio XI deu às Obras o título de “Pontifício”. Através das Obras, o Papa cuidou das muitas necessidades pastorais das jovens Igrejas. Existem quatro Pontifícias Obras Missionárias. A Pontifícia Obra para a Propagação da Fé tem o objetivo de abrir o coração de cada crente à vastidão do horizonte missionário, através do apoio espiritual e material para a proclamação do Reino de Deus. A Pontifícia Obra da Infância Missionária está presente em mais de 130 países e seu objetivo é ajudar as crianças a desenvolver um espírito e protagonismo missionário. A Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo promove, nas comunidades cristãs, a consciência da necessidade de desenvolver o clero local e a vida consagrada nas Igrejas missionárias recentemente fundadas. A Pontifícia União Missionária nasceu em 1916 com o objetivo de animar e formar os fiéis batizados em sua responsabilidade missionária através do serviço pastoral dos bispos e sacerdotes de acordo com o lema “Toda a Igreja para todo o mundo”.
Fonte: Vatican News