“Seja perto ou longe, é nosso dever estar lá”

Sou Luana, tenho 20 anos, sou da Juventude Missionária da paróquia de Santa Luzia, em Jijoca de Jericoacoara, no Ceará, e participei de uma experiência missionária interestadual. A III Missão Jovem, realizada em Murici dos Portelas (PI) e promovida pela Juventude Missionária do Piauí durante a última Semana Santa, foi um tempo de graça. É como se, por Providência Divina, tudo já tivesse sido preparado para o nosso encontro com aquelas pessoas que foram visitadas em suas casas e com os outros missionários que participaram da missão.

Na quarta-feira, depois de cerca de nove horas de viagem saindo de Teresina, chegamos a Murici, uma cidade pequena, com pouco mais de 8 mil habitantes. Fomos recebidos na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário com imensa alegria, muitos abraços, música, como numa festa, pelos paroquianos que estavam à nossa espera. Foi lindo de ver!

IMG-20180401-WA0072No dia seguinte, após a Santa Missa, fomos divididos e mandados às comunidades, que eram 21 no total. Chegando à comunidade de Caiçara, eu e a Rosana, que fez dupla comigo, da Juventude Missionária de Teresina, fomos recebidas por uma das senhoras que coordenam a capelinha de Nossa Senhora do Carmo e, depois, demos início ao trabalho.

Começamos as visitas no mesmo dia e, para a noite, preparamos uma celebração na qual pensamos em realizar o Lava-pés mas a chuva chegou antes e nos impediu de concluir o que havíamos planejado. No outro dia, continuamos as visitas e realizamos a Via Sacra encenada com as crianças da catequese, seguida por uma pequena celebração da Paixão de Cristo com os moradores da comunidade.

No sábado, concluímos as visitas e celebramos a Vigília Pascal, que foi um momento especial e quando tivemos mais participação das pessoas. No domingo de Páscoa, durante o café-da-manhã partilhado, preparamos um momento com as crianças, as presenteamos com chocolates, fizemos brincadeiras e rezamos com elas e com as pessoas que estavam presentes.

Experienciar o convívio, mesmo que por poucos dias, com o povo simples da comunidade de Caiçara, foi de grande alegria. Observar a lida diária, a fé viva e a temência a Deus que o povo do interior ainda cultiva tão bem é um aprendizado. Eles nos ensinaram tudo isso em cada ação, em cada palavra durante as nossas conversas.

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O período da Semana Maior tornou nossa estadia ainda mais privilegiada e o tempo santo parece que deixa tudo mais forte. As celebrações, os momentos de lembrança do sofrimento de Jesus nesse pós-Quaresma, Sua morte no calvário: tudo aproxima mais, tantos os filhos do Pai, quanto os filhos entre si, numa união fraterna de dor e de compaixão, de arrependimento e de perdão.

Infelizmente, lá é uma comunidade carente de atenção, de cuidado e de lideranças, mas lugares assim é que precisam de nós e é assim que percebemos como o amor pela missão nos sustenta e nos ajuda. Voltamos para Teresina já com saudade do povo de Murici, mas com a sensação de estarmos verdadeiramente transformados e edificados, com mais experiência missionária na bagagem (fora as lembrancinhas que ganhamos).

IMG-20180401-WA0055Voltamos de Teresina para Sobral, no mesmo dia e, agora, a despedida era dos missionários piauienses, povo gente boa, missionários comprometidos com o Evangelho, com o carisma, com Deus. Aprendi muito, ri muito e me encantei com a alegria dessa Juventude Missionária piauiense. Os jovens de lá ficaram imitando o meu “ei, mah” (gíria cearense) e eu fiquei rindo do jeito cantado deles de falar. Ficam as amizades, as trocas de experiências e a partilha pelo mesmo amor à missão, e, como lhes disse, agora já tenho mais gente para colocar em minhas orações.

Papa Francisco nos fala a respeito de uma igreja em saída, e é verdade que nós, missionários, temos que entender a importância disso, mas compreendemos que o que Santo Padre nos pede vai além do sair, do ir: tem a ver também com o chegar, com o fazer e com o ser.

Até onde ir para levar às pessoas a alegria do Evangelho de Jesus? Não existe uma quilometragem específica que nos diga isso, mas sabemos que, seja perto ou longe, é nosso dever estar lá, lá chegar e fazer aquilo que nos é de dever: anunciar!

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