Beatificado padre Rother, “mártir e defensor dos índios”

O cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu neste sábado, 23 de setembro, em nome do papa Francisco, em Oklahoma City, Estados Unidos, à Beatificação do padre Stanley Francis Rother. Assim, após 36 anos do seu martírio, o “defensor dos índios” foi elevado à glória dos altares para a veneração dos fiéis.

Padre Stanley Rother, sacerdote “fidei donum”, nasceu em 1935, em Oklahoma, EUA. Trabalhou, durante 13 anos, como missionário entre os indígenas Cakchiquel na Guatemala. Ele nada mais queria que cuidar do seu rebanho, na paz e na harmonia; era pacífico e dedicava todo seu tempo para ajudar o povo a melhorar a agricultura e a sua saúde.

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Na época, vários paroquianos, inocentes camponeses, foram assassinados pelo Exército guatemalteco. Por isso, Padre Stanley escreveu uma carta denunciando tais atrocidades. Sua carta circulou pelos Estados Unidos, em vários jornais e revistas. Provavelmente foi este o motivo que o levou a ser assassinado.

Certo dia, o Exército convocou uma reunião com o povo, no parque central. O tenente do Exército e comandante do destacamento de 300 soldados em Atitlan, convidou o Padre Stanley a se sentar entre os membros da Presidência da Assembleia Popular, mas ele não aceitou e ficou entre o povo.

O comandante, tomando o microfone, repetiu insistentemente que a presença do Exército, naquele lugar, tinha uma missão de paz e tranquilidade. Por sua vez, o Padre Stanley pediu a palavra e falou:

“Quero manifestar ao senhor tenente e a toda a opinião pública da Guatemala que viver em paz e buscar a harmonia social são as virtudes de Santiago Atitlan. Há treze anos vivo neste paraíso de paz e fraternidade e nada jamais perturbou este rebanho pacífico… até à chegada do Exército. Em um mês, este povo perdeu 28 de seus filhos, humildes e trabalhadores; as famílias procuram igrejas para dormir; não querem sair de suas casas, por temor à repressão; além de circular ameaças de morte… Então, é difícil acreditar na paz que nos oferecem…”.

Ameaçado de morte, o missionário deixou sua paróquia por três meses e voltou aos Estados Unidos. Depois, tomou a decisão de voltar. Seu desejo era estar com o povo, apesar das ameaças de morte. As pessoas se reanimaram com a sua presença e gestos heroicos.

Padre Stanley foi assassinado em 28 de julho de 1981, por causa do seu trabalho com a população indígena. Três homens altos e fortes entraram no quarto, onde o sacerdote dormia. Quiseram levá-lo, mas ele não se entregou. Então atiraram nele. Assim, ele regou com seu sangue a terra abençoada dos maias, camponeses simples e pobres.

Hoje, na capela-mor da igreja paroquial, encontram-se dois vasos de barro, num cofre de metal, com o sangue e coração deste santo mártir, defensor dos índios.

Fonte: Rádio Vaticano

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